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01/11/202404/05/2023
Por Redação AIoT Brasil
Uma robô humanoide de cabelos lilases e vestida com uma roupa repleta de brilhantes chamou a atenção no dia 03/05 de quem passava pela área de exposições do Web Summit Rio, evento de tecnologia que reúne mais de 21 mil pessoas na capital fluminense.
Trata-se de Desdemona, a vocalista da Jam Galaxy Band. Comandada por inteligência artificial, a máquina é capaz de gerar voz sintética, movimentar seus braços e mãos mecânicos e mimetizar expressões faciais. Desdemona também consegue perceber o ambiente à sua volta por meio de sensores presentes logo abaixo de seu pescoço. Ela, no entanto, não se desloca pelo palco, já que fica apenas apoiada sobre um tripé.
No evento, a robô se apresentou em conjunto com o desenvolvedor do sistema que permite seu funcionamento: o cientista cognitivo e pesquisador de inteligência artificial Ben Goertzel, também fundador e CEO da SingularityNET. Na primeira parte de sua demonstração, Desdemona cantou, com voz robótica, sua versão de “Running Up That Hill”, interpretada originalmente por Kate Bush.
Sempre respondendo aos comandos verbais de seu parceiro de palco, a robô, em seguida, apresentou uma letra composta por ela própria, acompanhada por uma melodia criada por humanos e executada por Goertzel nos teclados. O número, que durou pouco mais de quatro minutos, despertou a simpatia da plateia — mas mais por sua extravagância do que por sua qualidade musical.
Goertzel, que trabalha com inteligência artificial desde meados da década de 1980, explicou que Desdemona utiliza um modelo de linguagem complexo para gerar “poesia” que se transforma na letra das canções. Ele, no entanto, também reconheceu parte das limitações da robô — que ainda não compõe melodias, por exemplo. Entretanto, ponderou que, em breve (“daqui a um ano”), a IA será capaz de automatizar todo o processo que envolve a criação de uma música, bem como a criação de outros tipos de obras de arte.
Em uma fala visivelmente apaixonada, o pesquisador também relembrou pontos importantes de sua trajetória e compartilhou algumas visões a respeito do futuro da IA. Nascido em solo brasileiro durante uma passagem de seus pais pelo país, Ben Goertzel contou que já desenvolveu projetos por aqui no passado. Em 1998, por exemplo, ele fundou uma empresa sediada em Belo Horizonte que trabalhava com uma inteligência artificial ainda incipiente.
Ele afirmou, ainda, que a expectativa de que a IA supere a capacidade humana tem finalmente se tornado realidade em uma infinidade de aplicações. O especialista sugeriu que, nesse contexto, a interação entre inteligência artificial e arte pode produzir experiências novas e interessantes.
Para Goertzel, o contato com Desdemona mostra como podemos estabelecer uma relação diferente com as máquinas, que, de certo modo, pode ser considerada afetiva. “Como um músico humano, sinto que a robô está participando. Sei que não é da mesma forma que um humano experimenta a música, mas ela reage”, afirma o especialista.
O show de Desdemona, em última análise, não demonstra nenhuma tecnologia revolucionária, seja em termos de robótica ou de inteligência artificial. A robô e seus criadores não fazem questão alguma de disfarçar a voz ou os movimentos pouco naturais. Às vezes, alguns comandos também demoram a ser respondidos. Tampouco há um acabamento refinado: as mãos de Desdemona, por exemplo, não são revestidas por pele sintética, tal como seu rosto. Seus pés e pernas estão ausentes e o tripé que suporta o tronco é visível para o público.
Em termos de capacidade de processamento de linguagem, a robô também não parece ter qualidades para além daquelas presentes em diversos outros sistemas de inteligência artificial. No entanto, a reunião improvável de todos esses elementos — IA, robô humanoide com visual extravagante e performance musical — de fato desperta empatia por Desdemona e faz refletir sobre os limites da relação entre homem e máquina.
Para ouvir Desdemona cantando, clique aqui.
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