Cauê Rodrigues, Rafael Grimaldi, Henrique Ferreira, Ricardo Verhaeg e Carolina Grimaldi

Por Gabriel M. Duarte, advogado e Mestrando em Direito e Mercados Financeiros, na NOVA School of Law – Lisboa, Portugal

Segundo pesquisa da Spherical Insights, o mercado de tecnologia jurídica no mundo em 2022 foi avaliado em US$ 24,62 bilhões, com expectativa de atingir US$ 56,70 bilhões  em 2032. No Brasil, país com mais processos em trâmite no mundo, com mais de 60 milhões de processos ativos segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), há enorme potencial de desenvolvimento e escalabilidade das legal techs – startups especializadas em soluções para auxiliar advogados e demais profissionais envolvidos no dia a dia da profissão.

Nesse cenário, surgiu a Inspira.Legal, startup brasileira fundada em 2020 que conquistou recentemente o prêmio de melhor Pitch do Web Summit Lisboa 2023 (confira a cobertura do evento feita pelo AIoT Brasil).

Henrique Prado Ferreira, advogado tributarista de formação, cofundador, CXO da Inspira e responsável pela apresentação do Pitch vencedor do WebSummit 2023, conversou com o AIoT Brasil e contou um pouco das dores da profissão, de como entende que tecnologia e direito  podem caminhar juntos e como entende que as soluções de inteligência artificial criadas pela Inspira podem ajudar no dia a dia dos operadores do direito. 

A ferramenta, denominada como Lawyer’s AI trustworthy assistant, fornece acesso a dados jurisprudenciais das mais variadas cortes ou tribunais brasileiros, judiciais e administrativos, tudo isso com auxílio de inteligência artificial para gerar relatórios de visual law que auxiliam os profissionais na definição de estratégias, construção de teses e tomadas de decisão. 

Para Henrique, o ponto forte da Inspira é justamente seu sistema escalável de análise de dados, que pode ser alimentado com bancos de dados de diversos países, não apenas do Brasil. Abordando os desafios iniciais, Henrique Prado destacou a importância de conquistar a confiança dos advogados ao introduzir soluções tecnológicas inovadoras. Segundo ele, a tecnologia na Inspira visa auxiliar, não substituir, o trabalho dos advogados, enfatizando a relevância do toque humano e artesanal na advocacia. 

Hoje a Inspira encontra-se aberta para uma rodada Seed de investimentos, com propósito de desenvolvimento e mais investimento em sua soluções de IA, além de crescimento da equipe e expansão para demais regiões do Brasil e do mundo.

Confira abaixo a entrevista:

AIoT Brasil – O que te motivou a fundar a Inspira? A pandemia teve um grande impacto no projeto da empresa?

Henrique Prado Ferreira – A ideia de fundar a Inspira surgiu de um desejo de sair do mundo do direito e buscar algo mais alinhado com negócios e tecnologia. Minha trajetória começou na faculdade de Direito na PUC-SP e depois passei por escritórios de advocacia, o Mattos Filho e o Manasseiro Campello Advogados na época. Trabalhando no departamento jurídico da Dow Química como secondee, percebi as principais dores e demandas do mercado jurídico B2B, que acabaram influenciando a criação da Inspira.

A pandemia de 2020 foi um momento crucial. Com tudo indo para o remoto, percebi que era a hora de agir. Junto com meus colegas Rafa (Rafael Grimaldi) e Cauê (Cauê Rodrigues Amaral), começamos a trabalhar no projeto da Inspira, fazendo reuniões durante a madrugada, cada um ainda em seus empregos. No final de 2020, participamos do curso de Empreendedorismo em Ação no Insper, onde tivemos que desenvolver um pitch para a Inspira. Foi aí que percebemos que tínhamos uma ideia viável.

A Inspira foi oficialmente fundada no final de 2020. Começamos criando relatórios de visual law automatizados, que eram muito rudimentares no início, feitos manualmente. Mas vimos que havia um produto ali, e decidimos criar uma solução SaaS que oferecesse esses relatórios como um produto final. Em 2021, enquanto fazia meu MBA na Nova SBE em Portugal, continuei a trabalhar no projeto, formando uma equipe e levantando investimentos.

A pandemia, embora tenha sido um desafio global, acabou sendo um catalisador para o projeto da Inspira, pois acelerou a transição para o trabalho remoto e destacou a necessidade de soluções tecnológicas no mercado jurídico. Hoje, a Inspira está crescendo, com uma equipe de 20 pessoas, focada em resolver problemas reais do mercado jurídico com tecnologia e inovação.

AIoT Brasil – O que a Inspira faz?

Henrique Prado Ferreira – A Inspira começou com a ideia de criar relatórios de visual law totalmente automatizados para advogados. Inicialmente, estes relatórios eram bastante rudimentares, feitos manualmente durante a madrugada. Percebemos que havia um produto viável nisso e decidimos criar um software como serviço (SaaS) para oferecer esses relatórios como um produto final aos escritórios de advocacia e departamentos jurídicos.

Ao longo de 2021, trabalhamos intensamente no projeto, mesmo enquanto eu fazia meu MBA em Portugal. Formamos uma equipe e conseguimos levantar investimentos. A pandemia acelerou a necessidade de tecnologia no mercado jurídico, e vimos isso como uma oportunidade.

O propósito da Inspira sempre foi facilitar a vida dos advogados. Entendemos que o mercado jurídico é gigantesco e repleto de problemas, e onde há problemas, há oportunidades. Começamos com uma plataforma de pesquisa de jurisprudência, pois percebemos que a informação jurisprudencial é muito valiosa na prestação dos serviços jurídicos.

A ideia evoluiu para criar um produto que resolvesse dores dos advogados e empresas, trazendo facilidades com o uso da tecnologia. A saúde mental dos profissionais jurídicos também se tornou um tema importante para nós. Entendemos que a tecnologia pode ajudar a tornar os escritórios mais eficientes, prestando um serviço melhor e permitindo que as empresas e pessoas físicas se previnam e confiem na mudança positiva que a tecnologia pode trazer para o mercado.

Enfatizamos que a tecnologia não substitui a leitura, interpretação e atuação do advogado, mas serve como uma ferramenta auxiliar. Com o uso de inteligência artificial e outras tecnologias, queremos nivelar o campo, permitindo que escritórios menores usem a mesma tecnologia que os grandes escritórios, democratizando o acesso à informação e ferramentas de ponta.

AIoT Brasil – Quantas pessoas fizeram parte no começo da empresas e qual foi o papel delas?

Henrique Prado Ferreira – No início da Inspira, o time era formado por três pessoas: eu (Henrique), Rafael, Cauê e mais tarde nos juntamos com Ricardo (Ricardo Verhaeg), nosso CTO.

Rafael veio com uma bagagem forte da Endeavor, trazendo um forte background em empreendedorismo e inovação. Cauê, com experiência em bancos e em Big Four, além de uma vivência internacional, contribuiu significativamente para abrir portas e estabelecer conexões importantes. Ricardo se juntou à equipe posteriormente, fortalecendo o time e ajudando a tornar o projeto da Inspira uma realidade.

Cada um desempenhou um papel crucial na formação e no desenvolvimento inicial da empresa, trazendo suas habilidades e experiências únicas para impulsionar o sucesso do projeto.

AIoT Brasil  – Qual o propósito da Inspira? 

Henrique Prado Ferreira – O propósito da Inspira, desde o seu início, é facilitar a vida do advogado. Esse core da nossa missão é exatamente o mesmo até hoje. Acreditamos que o mercado jurídico é vasto e cheio de problemas, e onde há problemas, há oportunidades para serem resolvidas. A nossa missão sempre foi essa: tornar a vida dos advogados mais fácil.

AIoT Brasil – Qual o peso da  tecnologia no negócio da Inspira?

Henrique Prado Ferreira – A tecnologia está reestruturando o mercado jurídico como um todo. As empresas têm exercido uma pressão muito grande nos escritórios para aderirem ao uso de tecnologia. Em um mercado muito fragmentado como o jurídico, o produto acaba sendo comoditizado e acaba virando uma disputa de preços, a famosa ‘price war’. 

O que a gente tem visto é que cada vez mais os escritórios vão ter que ser mais eficientes. E a tecnologia está aqui justamente para possibilitar isso, para que os escritórios consigam prestar um serviço melhor e as próprias empresas, as pessoas físicas, enfim, de maneira geral, consigam se precaver e confiar que a tecnologia vai de fato mudar esse mercado para melhor.

AIoT Brasil – E como foi a experiência de participar e vencer a competição no Web Summit de Lisboa?

Henrique Prado Ferreira – A experiência do pitch no Web Summit foi surreal. Tudo começou quando participei da competição de pitch do ecossistema da MBA, onde ganhamos e conquistamos acesso ao Web Summit pelo programa Alpha. Já tínhamos ido ao Web Summit do Rio de Janeiro, que foi uma experiência incrível, então decidimos ir para o de Lisboa.

Foi uma loucura, com prazos apertadíssimos para submeter todas as applications do Startup Showcase do Pitch e outras iniciativas. Lembro-me de adaptar um PowerPoint, mandar tudo no último segundo e pensar ‘seja o que Deus quiser’. E então, fomos selecionados.

No Web Summit de Lisboa, participamos do Mentor Hours, do 40 Words e do Pitch. No primeiro dia, fizemos nosso Pitch em um palco menor e depois, um dos jurados veio falar conosco dizendo que íamos passar. Foi uma sensação incrível. No final do dia, fomos anunciados para a semifinal no Center Stage. Foi surreal estar ali, com todo mundo vibrando e gritando.

Para a semifinal, tivemos que mudar os slides a pedido do jurado. Fizemos a apresentação, e foi ótimo. Passamos para a final, sendo o terceiro voto entre os 10 que se classificaram para a semifinal. Chegar à final em um palco onde o último show foi da Madonna não foi tarefa fácil.

Foi uma experiência incrível, com nervosismo, mas também muita concentração. Senti uma responsabilidade enorme, como se estivesse com a camisa 10 e faixa da seleção brasileira entrando no Maracanã, representando não só o Inspira e o time, mas todo o ecossistema jurídico brasileiro e o Brasil como um todo.

AIoT Brasil – Como você vê o potencial das legaltechs daqui para frente? Quais as maiores oportunidades e desafios? E como a IA generativa entra nos planos da Inspira?

Henrique Prado Ferreira – Quanto ao potencial , acredito que é meio óbvio que a tecnologia vai ajudar o advogado. Estamos focados em desenvolver a IA generativa para auxiliar na escrita de peças e na realização de buscas. A ideia geral é explorar o potencial gigantesco da IA generativa, especialmente na pesquisa de jurisprudência. Já vimos que desde a navegação entre as decisões até a leitura dinâmica desses documentos, a IA generativa pode destravar um potencial enorme na cadeia jurídica como um todo.

Desde o momento em que um cliente chega perguntando sobre a viabilidade de uma ação, até a elaboração da tese e o cumprimento de prazos, a IA generativa pode ser um instrumento de estratégia valioso. Pode ajudar a decidir se faz sentido entrar em acordo, seguir com a ação, ou qual é o melhor caminho a seguir, tudo isso baseado em informações jurisprudenciais e, claro, com a atuação do advogado.

Acredito que todas as tarefas são automatizáveis até certo ponto, até o limite em que o advogado precisa dar o toque humano ali. Esse é um pouco do nosso roadmap. Considerando a IA generativa hoje, estamos bem desenvolvidos nessa frente, com vários recursos na plataforma que utilizam a IA generativa, e temos percebido uma economia de tempo muito grande na tarefa dos advogados.

AIoT Brasil – Durante o pitch no Web Summit, você comentou sobre os planos de expansão internacional da empresa, começando por Portugal na Europa. Que oportunidades você enxerga no país e quais as principais dificuldades?

Henrique Prado Ferreira – Quando penso na expansão da Inspira para a Europa, acredito que Portugal faz sentido como porta de entrada, especialmente considerando o nosso sistema de civil law e a proximidade cultural e idiomática. Já começamos a perceber esse movimento de expansão, e para nós, o mercado brasileiro sempre foi grande o suficiente. Mas agora, ao pensar em expansão, falamos em conquistar primeiro o Brasil e depois adaptar o produto para outras jurisdições.

O que estamos desenvolvendo, esse copilot para várias tarefas do advogado ao longo da cadeia, tanto para advogados de escritórios quanto para empresas, é essencialmente o mesmo em diferentes sistemas jurídicos. Ao substituir a base de dados com informações do sistema jurídico português, espanhol, italiano ou japonês, a rotina do advogado é a mesma. Então, nunca fez tanto sentido para nós cogitar esse movimento de expansão.

Lisboa, Portugal, é o voo mais curto para nós e, pela proximidade cultural e de idioma, faz sentido que seja o primeiro destino. Estamos bem posicionados para essa expansão e vamos ver quais serão as próximas cenas desse capítulo.

AIoT Brasil – Como  a Inspira pode ajudar na mudança estrutural do ensino jurídico nas faculdades no Brasil? E como acha que o currículo mudará nos próximos anos para incorporar a IA?

Henrique Prado Ferreira – Acredito que o ensino jurídico no Brasil é muito travado. Porém, vejo uma grande oportunidade para a Inspira impactar essa área. Já fornecemos a plataforma Inspira para o ecossistema de ensino no Brasil, incluindo parcerias com a PUC Rio e, em breve, a PUC São Paulo e a USP. Queremos facilitar a vida dos estudantes, oferecendo-lhes uma versão enxuta do produto, semelhante ao que é oferecido nos Estados Unidos, como LexisNexis.

Percebo que, muitas vezes, os estudantes têm acesso a recursos mas não sabem disso. A organização dos cursos ainda é muito engessada, e acho que é parte da nossa missão impactar e trazer grandes mudanças. Tudo passa pela educação, e se não começarmos a mudar desde a base, nada vai mudar.

Para mim, é fundamental ajudar esses estudantes a terem acesso a ferramentas que os ajudem a aprender e a performar serviços profissionais. Queremos criar advogados mais novos e estagiários entusiastas dessa tecnologia. Com a introdução da IA generativa, a atividade dos advogados vai mudar muito. Os estagiários, por exemplo, não fazem mais o trabalho de fórum, mas sim de pesquisa.

Isso vai mudar toda a cadeia de prestação de serviço jurídico. Acho que faz muito sentido reformular e introduzir tecnologias nas universidades, ensinando o significado de trazer tecnologia para a advocacia.

AIoT Brasil – Você ainda vê muita resistência dos advogados no geral no uso de IA? A advocacia brasileira já está preparada para o uso de IA?

Henrique Prado Ferreira – Sim, existe uma grande dificuldade em juntar o direito com a tecnologia, principalmente devido à resistência. Há muitos “dinossauros” no mercado que questionam a necessidade de mudança se tudo está funcionando como está até hoje. Essa transformação não é exclusiva do setor jurídico; é uma tendência mundial que todas as indústrias estão enfrentando. O setor jurídico, sob a perspectiva da tecnologia, está agora no hotspot, pois é um mercado extremamente passível de melhorias com o uso de tecnologia.

Escutei um podcast recentemente no qual onde um advogado australiano discutia o papel da inteligência artificial no mercado jurídico. Ele sugere que a IA será um nivelador, trazendo um equilíbrio na atuação do jurídico. Informações que antes estavam restritas aos grandes escritórios e empresas, agora começam a se tornar acessíveis para níveis mais baixos do mercado. Acho que essa democratização da informação jurídica é fundamental para reduzir a resistência e para mostrar o verdadeiro valor da IA no direito.

AIoT Brasil – Quais as principais dificuldades  para acessar o mercado de advogados? Principalmente fora do eixo SP-RJ.

Henrique Prado Ferreira – As principais dificuldades para acessar os mercados de advogados fora de Rio e São Paulo no Brasil se relacionam com a estratégia de adesão do nosso produto. Optamos por uma abordagem regionalista, focando inicialmente em áreas onde temos mais contato e onde a atuação do jurídico é mais intensa, como Rio, São Paulo e o Sul. Nossos clientes estão essencialmente distribuídos nessas regiões.

No entanto, já estamos explorando o mercado do Centro-Oeste, especialmente por conta da força do agronegócio na região, descobrindo ali um mercado bem interessante. Conforme expandimos nossas bases de dados e incluímos outras soluções, nosso plano é expandir para outras regiões do Brasil. Esse processo de expansão e adaptação é fundamental para acessar áreas fora dos grandes centros urbanos.

AIoT Brasil – Você acha que as legaltechs podem substituir o trabalho dos advogados no futuro?

Henrique Prado Ferreira – Não acho que as legal techs vão substituir o advogado, mas sim auxiliar. Tendo passado sete anos na rotina profissional em escritórios e departamentos jurídicos, entendo que qualquer documento jurídico precisa considerar o contexto do negócio, algo que uma máquina não consegue capturar. A empatia que um advogado tem ao falar com uma parte, o que está por trás de um argumento ou de uma cláusula, representa algo muito significativo para a pessoa que o advogado está defendendo.

Modelos de inteligência artificial generativa podem gerar cláusulas sobre renovação de aluguel, por exemplo, mas não capturam nuances específicas como a relação entre locador e locatário, que podem ser de amizade ou familiar. O aspecto artesanal do trabalho jurídico é essencial. Acho que isso é o que vai diferenciar os advogados.

AIoT Brasil – A Inspira tem o apoio de centros de inovação de grandes universidades brasileiras. Qual foi o papel desses centros no crescimento da startup?

Henrique Prado Ferreira – O papel das universidades, como o Insper, onde fizemos nosso primeiro pitch, e a USP, foi crucial para nós. No entanto, não recebemos apoio direto da Faculdade de Direito. Na verdade, nossa iniciativa com as universidades é mais uma questão de retribuir para a formação jurídica de alto impacto. A conexão com o Insper foi essencial para nos ajudar a tirar a ideia do papel, mas além disso, acho que foi mais uma iniciativa nossa, uma proatividade de retribuir.

Com relação à Nova, em Portugal, fazemos parte do Nova SBE Haddad Entrepreneurship Institute. Quando fiz o MBA lá, já tinha me alinhado com eles, buscando fazer parte do ecossistema. Sempre quis estar perto e manter essa porta aberta, pois tinha certeza que isso ajudaria a Inspira de alguma forma. Essa conexão foi fundamental para nossa participação no Web Summit.

Sempre tive um grande interesse em falar sobre startups, empreendedorismo e inovação, especialmente no meio jurídico. Poder fazer isso na Nova, por exemplo, é algo que me chama muito a atenção. Tenho muita vontade de retribuir nesse aspecto também. Então, esse é basicamente o cenário com as universidades para nós.

AIoT Brasil – Sobre as rodadas de investimento que a empresa já passou e sobre o pedido de aporte de US$ 2 milhões, o Web Summit foi uma boa vitrine? 

Henrique Prado Ferreira – Até agora, na Inspira, fizemos uma rodada Anjo, onde levantamos um milhão de reais, investindo 100% em produto. Atualmente, estamos abertos para a rodada Seed e buscando um investimento de US$ 2 milhões, como mencionei no Pitch. O Web Summit foi uma vitrine incrível para nós, trazendo interesse de investidores Anjo e fundos estruturados de vários lugares, incluindo Ucrânia, Portugal, Espanha e Estados Unidos.

A exposição no Web Summit reaqueceu várias conversas que tinham esfriado com outros fundos e mentorias também. Estar com o troféu do pitch embaixo do braço validou enormemente o nosso trabalho, reacendendo o interesse de vários players do ecossistema de inovação e tecnologia no Brasil.

Agora, com essa nova rodada de investimento, estamos confiantes que vamos captar o valor necessário. Não é um cheque tão alto para o que planejamos fazer. Uma vez feita essa captação, vamos deslanchar, botando todos os motores para seguir no nosso roadmap com mais potência ainda, contratando, crescendo o time, aumentando a receita e, de fato, alavancando bastante a Inspira.

AIoT Brasil – Para finalizar a entrevista, se tivesse de dar três dicas para quem vai empreender, quais seriam?”

Henrique Prado Ferreira – Para quem vai empreender no direito, principalmente, minhas três dicas seriam:

Ter Resiliência
 Isso é fundamental em uma indústria supertradicional como a jurídica. Vai haver desafios e estranhamentos, como clientes que estranham reuniões sem a formalidade do terno e gravata. Essa resiliência deve ser aplicada em todas as frentes, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional.

Ser Metade Pirata, Metade Navy Seal
Aprendi isso durante meu MBA no módulo do MIT de empreendedorismo. Você precisa ser um pouco de cada: por um lado, ser o pirata que dá um jeito, contorna obstáculos e faz as coisas acontecerem; por outro, ser o Navy Seal disciplinado que executa o plano até o final, independentemente dos desafios.

Reflexão e Planejamento Fora do Escritório
É crucial tirar a cabeça da água e ver para aonde estamos nadando. Quando estamos presos na execução, muitas vezes esquecemos de refletir e planejar. Precisamos entender para onde vamos, seguir nossa intuição e nos conectar. Chegamos onde estamos e continuamos a caminhar muito por causa das pessoas com quem interagimos e das lições que aprendemos. Fazer mentorias e expandir sua rede é essencial.