Por Marjole Coletro*

Nas Ciências da Computação, a Inteligência Artificial (IA) é o campo que estuda agentes inteligentes, ou seja, sistemas que podem raciocinar, aprender e agir de forma autônoma. Muito comentada atualmente, é uma tecnologia, na verdade, estudada há décadas. O primeiro programa de computador a ser chamado de “inteligente”, o Logic Theorist, foi criado em 1956 e era capaz de provar teoremas matemáticos.

O primeiro chatbot, Eliza, foi criado em 1966. O primeiro computador a ganhar um jogo de xadrez contra um humano foi o Deep Blue, em 1997. Já o primeiro carro autônomo a dirigir por uma rodovia foi o Google Car, em 2010.

Recentemente presenciamos um desenvolvimento vertiginoso da IA com a criação de sistemas cada vez mais poderosos. Um desses sistemas é o AgentGPT, uma plataforma de IA aberta que permite aos usuários criar agentes autônomos e direcioná-los para realizar tarefas específicas de forma independente. Seu modelo é baseado no modelo GPT-3.5 da OpenAI, o ChatGPT, e atua nos âmbitos de planejamento, criação de conteúdo e aprendizado.

Com o AgentGPT é possível planejar viagens, organizar eventos, criar listas de compras (planejamento); escrever poemas, histórias, roteiros e até mesmo peças musicais (conteúdo); assim como reunir informações sobre tópicos de interesse (aprendizado).

Para tantas funcionalidades, é uma plataforma relativamente simples de se usar. Ao criar uma conta, o primeiro passo é criar um agente dando um nome a ele. Em seguida, você define um objetivo e fornece instruções ao agente, que são as tarefas que você deseja que ele execute.

Suponhamos que você queira um agente – vamos chamá-lo de Bob – para planejar uma viagem ao exterior. Você pode direcionar o Bob para pesquisar destinos, reservar voos e hotéis e criar um itinerário. Se o objetivo de Bob for pesquisar um tópico que cairá em uma prova da universidade, ele é capaz de ler livros inteiros e te fornecer um resumo do tema.

Se, ainda, você desejar automatizar uma tarefa regular, como criar apresentações de trabalho ou fazer compras de supermercado online, o Bob é a ferramenta certa para simplificar o seu dia a dia.
São diversas as formas de facilitar a vida utilizando o AgentGPT e outras plataformas de IA, mas atenção: é importante estar ciente dos riscos potenciais dessas tecnologias.

O primeiro e mais significativo para os usuários é o preconceito: esses sistemas podem ser enviesados, refletindo os preconceitos dos dados em que foram treinados. Por isso, filtre as informações que chegarem até você pela IA, conferindo se elas não diminuem ou excluem socialmente mulheres, pessoas negras, indígenas, LGBTQIAPN+, PcDs ou de baixa renda.

O AgentGPT é uma ferramenta muito usada no dia a dia, justamente por entregar relatórios mais complexos e pela facilidade de acessarmos as fontes para verificar se as informações que ele disponibiliza são ou não confiáveis. No entanto, como qualquer outra IA que está na moda, é importante ter cautela. Não à toa, grandes nomes da tecnologia como o próprio Elon Musk continuamente expressam suas preocupações quanto ao uso dessas ferramentas de forma indiscriminada comprometendo as estruturas sociais.

Apesar disso, a transformação é inevitável. Cabe a nós utilizá-la de forma a extrair seu melhor potencial. Utilizamos a IA para fazer as tarefas que não queremos, para que possamos focar no que realmente importa. A capacidade analítica se faz mais necessária do que nunca e é nisso que queremos nos especializar enquanto a tecnologia faz as apresentações e planilhas por nós.

Te faço um convite: agora que você sabe mais sobre o AgentGPT, como você usaria essa ferramenta para melhorar a sua vida?

*Marjole Coletro é sócia-diretora da Smart, empresa de consultoria de gestão de negócios do grupo matter&Co