Imagem: divulgação Microsoft

Por Fabiana Macedo

Durante sua passagem intensa pela Febraban Tech 2024, evento realizado de 25 a 28 em São Paulo, a presidente da Microsoft, Tânia Cosentino, enfrentou uma maratona de palestras e reuniões, nas quais procurou ressaltar a aposta da empresa na inteligência artificial.

E a executiva abriu espaço em sua concorrida agenda para conceder uma entrevista exclusiva ao AIoT Brasil, na qual falou com entusiasmo sobre as inúmeras possiblidades da inteligência artificial, indo dos serviços financeiros personalizados e superconectados ao setor de ESG e mesmo como uma importante ferramenta de inclusão. Acompanhe (em vídeo ou texto) os melhores momentos dessa entrevista:

AIoT Brasil – Para começar, eu gostaria que você falasse sobre a importância da inteligência artificial para o mercado financeiro e sobre o que que vem por aí nesse setor…
Tânia Cosentino, presidente da Microsoft – A Inteligência Artificial está permeando todos os segmentos da sociedade e da economia. Então é qualquer indústria, de qualquer tamanho, sim. Não é algo para um determinado público ou para uma determinada indústria. E está transformando nossa visão, a inteligência artificial tem o mesmo poder transformacional que um computador pessoal teve nos anos 1970, nos anos 1980. Ou que a internet, nos anos 2000, é mais do que uma ferramenta, é uma ferramenta que vai redefinir formas de trabalhar, formas de cooperar, formas de vender, formas de se relacionar, de transacionar, de cuidar, de saúde, de educar.

Então o poder é gigantesco. E onde entram os devs nisso? Toda empresa passa a ser uma empresa tecnológica. Porque toda empresa vai incorporar AI numa certa extensão. E aí a gente faz isso de uma forma bem democrática. No passado, quando você usava esses grandes modelos de linguagem, você precisava ter um poder, então, gigantesco. Então isso estaria restrito a grandes indústrias poderosas com alta capacidade de investimento. Hoje em dia, com a IA disponibilizada na nuvem, você paga pelo consumo, qualquer empresa de qualquer tamanho pode usar, qualquer desenvolvedor pode entrar no GitHub e montar o seu modelo, o seu aplicativo.

Acho que isso é supertransformador e superinclusivo. A gente desenvolveu ferramentas especializadas por um grupo de desenvolvedores, que é o Copilot para o GitHub e aqui tem um poder incrível de trazer produtividade para o desenvolvedor. O desenvolvedor hoje não dá conta de tudo o que ele tem que fazer dentro das empresas e ele pode delegar para a IA desde a construção do software, a conferência do software, o teste do software, liberando mais horas para ele poder fazer o trabalho que exija um maior pensamento, uma maior criatividade.

A gente vê a IA, o copiloto como uma grande ferramenta que ajuda a ser mais produtiva. Se eu sou da área jurídica, analisando relatórios e processos, ou se eu sou da área de RH, analisando os analytics e me relacionando melhor com os colaboradores, ou criando um canal de serviços e recursos humanos para todos os colaboradores, como a gente tem aqui, por exemplo, a Petrobras, com o Chat Petrobras, onde ela disponibiliza todos os serviços internos para os 100 mil colaboradores. Então vemos a criação de novas formas de se relacionar e de construir, de medir, de produzir.

Quando a gente olha aqui no mercado financeiro, o impacto é gigantesco. Primeiro, pode ser o ganho de produtividade, que eu já mencionei várias vezes.  atendimento ao cliente, que você traz empoderamento da linha de frente, que está falando com o cliente.

Você pode hiper personalizar serviços, e aí você tem uma forma de transformar o seu negócio, de você fidelizar mais o seu cliente. É comum que vários de nós tenhamos várias contas bancárias. Eu, como instituição A, eu quero oferecer o meu portfólio de A a Z. Então como eu empodero os meus agentes de vendas, os meus gerentes, a oferecerem para aquele profissional, baseado no perfil dele, é da Tânia e não da Fabiana, porque eu ofereço para a Tânia e maximizo o meu portfólio com a Tânia dentro do perfil dela.

E como que eu ofereço para a Fabiana o portfólio que seja adequado ao perfil dela e ao seu momento? E isso a IA vai permitir, porque ela vai conseguir fazer leituras, e principalmente o Open Finance, vai permitir que as instituições financeiras nos conheçam mais, e possam sim nos oferecer serviços superconectados, não só com a minha pessoa, ou com a minha persona, mas com o meu momento. E isso é transformador.

AIoT Brasil – E falando em práticas de ESG, o que você acha que é mais importante na implementação de uma tecnologia? O que é mais importante para uma empresa ter para poder já estar integrada nesse novo momento da IA?

Tânia Cosentino – Todo mundo tem que fazer a sua parte, então a primeira coisa é a empresa entender qual é o seu impacto. A gente chama de matriz de materialidade. Cada empresa, cada negócio, ela tem um impacto ambiental e um impacto social. E a questão é, começa neutralizando os seus impactos. E você só vai neutralizar os seus impactos se você medir isso.

Você não gerencia o que você não mede. E aí entram as tecnologias através de medições, onde estão esses dados? São quantos dos seus dados de consumo de energia elétrica? Como que eles são armazenados? Eles estão em um grande banco de dados ou não estão. Eu tenho acesso a eles ou não tenho…

E eu começo a medir, qual vai ser o meu programa de eficiência energética? Como que eu monitoro isso? Que outros programas eu posso implementar? E aí eu começo a medir, começo a computar isso. E tenho aí condições de endereçar ou de criar programas para mitigar. Esse é um exemplo.

Mas é a IA conectada com a IoT, conectada com uma arquitetura de dados bem desenhada, te ajudando, por exemplo, a criar uma solução ou medir os seus impactos ou ajudar você na construção de um relatório ambiental. Então essa é uma parte que você pode fazer.

E você pode usar o protocolo de sistema de energia Microsoft, que é uma ferramenta que vai plugando, vai conectando diferentes bancos de dados, diferentes pontos de dados da sua empresa, para trazer esses dados onde você tem que construir muita coisa por trás.

AIoT Brasil – E dá para ser mais inclusivo com a IA?
Tânia Cosentino – Sem dúvida que dá para ser mais inclusivo. A gente tem vários depoimentos, depoimentos de colegas nossos dentro da Microsoft, fora da Microsoft, que foram superempoderados através da utilização de inteligência artificial, através da utilização de CoPilot, através da total utilização das nossas tecnologias que são inclusivas by design.

E o que é uma tecnologia inclusiva by design? A gente desenha qualquer tecnologia, qualquer software nosso pensando nas limitações de diferentes números de pessoas. Porque a gente acredita que se você desenha algo para poucos, você habilita poucos. Então a tecnologia Microsoft, os nossos softwares, eles são superinclusivos.

E agora com o CoPilot, você tem uma capacidade de empoderamento de pessoas com deficiência visual, pessoas com diferentes tipos de deficiência, pessoas com TDAH, pessoas disléxicas, a gente tem muita ferramenta para ajudar essas pessoas.