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12/02/202511/03/2025
*Imagem: Cenas do vídeo de “Trump em Gaza”
Por redação AIoT Brasil
O que deveria ser uma sátira à fantasia de um governante acabou se tornando uma peça de propaganda política. Foi o que aconteceu com o vídeo viral (assista abaixo) que usou IA generativa para mostrar como a Faixa de Gaza se transformaria numa atração turística paradisíaca, como havia sugerido Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, que não hesitou em publicar a montagem em sua conta Truth Social como se fosse algo natural.
O vídeo foi criado por Solo Avital, um cineasta de Los Angeles que nasceu em Israel e é cidadão norte-americano, e mostra cenas absurdas para uma zona em plena guerra, como Trump e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de calção à beira de uma piscina com coquetéis na mão e um sorridente Elon Musk saboreando comida árabe e distribuindo dinheiro. Há também dançarinas e uma enorme estátua dourada de Trump em uma via pública, entre outras imagens claramente irônicas.
Em entrevista ao jornal inglês The Guardian, Avital disse que a intenção era fazer uma sátira política da “ideia megalomaníaca” de Trump: “Nós somos contadores de histórias, não somos provocadores, e às vezes fazemos peças de sátira como essa. É a dualidade da sátira: depende do contexto que você traz para fazer a piada ou a conclusão. Aqui não havia contexto e foi postado sem nosso consentimento ou conhecimento”, afirmou.
Avital disse que criou o vídeo em menos de oito horas enquanto experimentava ferramentas de IA na plataforma Arcana AI, no início de fevereiro, e que sua disseminação o surpreendeu. Era uma resposta ao “plano de desenvolvimento imobiliário” em Gaza sugerido por Trump para “limpar” a população de cerca de 2 milhões de pessoas da área e criar a “Riviera do Oriente Médio”.
Inicialmente, o vídeo foi compartilhado apenas entre os amigos de Avital, mas seu parceiro de negócios, o também cineasta Ariel Vromen, diretor do filme The Iceman, de 2012, o postou no Instagram. Logo depois, Avital recebeu várias mensagens em seu celular, alertando-o
sobre a publicação de Trump, e percebeu “como as notícias falsas se espalham quando cada rede pega o que quer e empurra para o público com sua narrativa alterada”.
A maneira como Trump usou o vídeo satírico a seu favor realimentou a discussão em torno da manipulação da IA generativa. Entrevistado pelo Guardian, Hany Farid, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley e especialista em identificar deepfakes, disse que essa não foi a primeira vez e não será a última que clipes gerados por IA são manipulados.
Ele afirmou que o fato de o vídeo ter sido concebido como uma sátira política, mas reaproveitado como propaganda “muito convincente e visceral” por Trump, destacou o risco envolvido em conteúdo gerado por IA. “Essa tecnologia está sendo usada para criar material de abuso sexual infantil, imagens íntimas não consensuais, fraudes, conspirações e mentiras que são perigosas para as democracias”, acrescentou Farid.
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