Surge uma nova modalidade de golpe com vídeos deepfake
De acordo com a Palo Alto Networks, muitas dessas manipulações foram feitas pelo grupo de cibercriminosos que promoveu o esquema de investimentos fraudulento Quantum AI
18/09/202417/11/2023
Por Ricardo Marques da Silva
À medida que se aproxima o segundo turno da eleição presidencial na Argentina, no próximo domingo, 19, os eleitores vêm sendo massacrados por uma série de vídeos e imagens falsas dos dois candidatos, criadas por inteligência artificial. Entre os exemplos estão publicações que mostram o candidato peronista Sergio Massa (União pela Pátria) como um líder comunista chinês e, do outro lado, o ultradireitista Javier Milei (A Liberdade Avança) como um personagem do filme Laranja Mecânica, sempre de forma pejorativa, no momento em que as pesquisas indicam um empate técnico.
Ou seja, ninguém é inocente nessa campanha que, de acordo com alguns veículos de comunicação, se destaca por ser pioneira no uso tão intensivo de IA numa eleição majoritária, tanto contra o oponente como a favor de si próprio. O volume de imagens e notícias falsas e a manipulação por meio de deepfake chegou a tal nível que mereceu uma extensa matéria no jornal norte-americano The New York Times, segundo o qual, “as imagens que salpicam as ruas de Buenos Aires têm um toque soviético”.
Por tudo isso, a campanha na Argentina está sendo definida como um campo de testes para os limites do uso de IA na política, considerando que no ano que vem mais de 50 países, incluindo os Estados Unidos, farão eleições majoritárias. Hoje, uma das discussões recorrentes entre os argentinos é se tal imagem ou vídeo contém manipulação ou informação falsa. “Muito do conteúdo é claramente falso. Mas um punhado de criações pisou na linha da desinformação”, destacou o NY Times na reportagem publicada ontem, dia 15.
A própria equipe do candidato Sergio Massa admitiu que as ferramentas de IA são essenciais para seus estrategistas, enquanto os assessores de Javier Milei negam o uso da tecnologia, mas reconhecem que alguns apoiadores estão, sim, utilizando esses recursos. Porém, de modo geral, os analistas políticos salientam que as fake news e a manipulação de conteúdo podem causar um enorme prejuízo às instituições e ao processo democrático, já que chega um momento em que não se sabe mais o que é verdade ou mentira nas campanhas.
A falta de escrúpulos é bem ilustrada por um vídeo falso divulgado na semana passada por partidários de Milei, mostrando Massa cheirando cocaína. Difícil é saber até que ponto a opinião pública pode ser influenciada por essas manipulações.
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