TI e telecomunicações juntas para transformar os serviços públicos
Temos mais de 1,5 milhão de brasileiros aguardando a validação de benefício pelo INSS. Como 90% deles possuem celular, a resolução de pedidos seria muito mais ágil via mobile, por exemplo
18/07/2023Por Maria Teresa Lima
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Por Maria Teresa Lima*
Em um País complexo como o nosso, alguns paralelos surpreendentes podem ser traçados. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Teleco, 99,1% da população tem acesso à telefonia móvel. Quando falamos de pessoas que ganham até um salário-mínimo, o percentual é crescente e hoje está acima de 89%.
Na área rural, ele chega a 91%. Domicílios com Internet já representam 90% dos lares. Esses números se tornam ainda mais expressivos quando comparados a estatísticas preocupantes. Enquanto isso, 16% dos cidadãos não têm água tratada em suas casas e cerca de 50% não dispõem de esgotos tratados.
Além de evidenciar alguns problemas cuja resolução é urgente, esse comparativo mostra o tamanho do alcance e da presença diária da tecnologia e das telecomunicações na vida dos cidadãos, indicando como elas podem ser fortes aliadas para serviços públicos aprimorados e mais distribuídos, com foco na melhoria da qualidade de vida coletiva.
A forte presença das telecomunicações no Brasil oferece uma oportunidade única de proporcionar serviços inovadores para atender às necessidades da população de forma eficiente e abrangente. Nesse cenário de amplo acesso, surgem novas oportunidades de comunicação digital com a população.
As possibilidades de melhoria nesse sentido são inúmeras. Um exemplo prático: temos mais de 1,5 milhão de brasileiros aguardando a validação de algum tipo de benefício pelo INSS. Considerando que 9 em cada 10 deles possuem celular, a comunicação e a resolução de pedidos poderiam ser muito mais ágeis e efetivas via mobile.
Teleaudiências poderiam ser colocadas facilmente em prática para atender as pessoas de modo remoto. Por meio de ferramentas de Data Analytics já disponíveis, e totalmente aderentes à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), seria possível identificar corretamente os beneficiários, inclusive identificando rapidamente fraudes e desvios que pesam aos cofres públicos. Sem dúvidas, a fila do INSS diminuiria drasticamente com atendimentos e análises mais modernos.
Governos e cidadãos conectados são a base para tirar do papel o conceito de Cidade Inteligente, na qual soluções digitais são usadas para uma vida mais sustentável, inclusiva, transparente e focada nas pessoas. De ações mais simples do dia a dia às mais complexas, é sempre possível ir mais longe no uso de inovações nos municípios.
A utilização de aplicativos pode poupar o tempo e oferecer praticidade para a população. Câmeras inteligentes instaladas em pontos estratégicos possibilitam o aumento da segurança urbana. A análise de dados, fundamental para o gerenciamento realmente assertivo de uma cidade, consegue aprimorar a distribuição de recursos e equipamentos para o sistema de saúde.
No trânsito, Analytics em tempo real podem fornecer dados para uma melhor gestão de semáforos, diminuindo engarrafamentos. Soluções voltadas à educação podem otimizar o ensino e aulas a partir de qualquer lugar, ampliando as possibilidades de comunicação entre estudantes e professores.
A alavancagem do uso das telecomunicações e tecnologia para fornecer serviços eficientes ainda leva a outro importante benefício: a ampliação do letramento digital. Atualmente, importante parcela das pessoas não usa em sua totalidade o que já está disponível em suas mãos, como celulares, por não dispor do conhecimento necessário para isso.
Serviços públicos mais digitais são capazes de apoiar na ampliação da alfabetização tecnológica, pois o cidadão passa a enxergar as vantagens levadas a sua vida e, assim, é impulsionado a melhorar seu discernimento sobre como utilizar as inovações.
Somados a esses benefícios, estamos passando por uma nova onda de inovação no momento e que pode trazer mais oportunidades para o Brasil. A tecnologia 5G é capaz de habilitar o uso de importantes ferramentas que, por sua vez, irão acelerar a criação de Smart Cities com Inteligência Artificial e uma infinidade de dispositivos de Internet das Coisas. Isso irá, definitivamente, mudar as cidades e democratizará ainda mais o acesso ao mundo digital.
Promover a digitalização é uma maneira importante de ampliar o envolvimento da população com o sistema público. Ao adotar novas ferramentas e aproveitar os avanços tecnológicos, as Cidades Inteligentes estarão preparadas para evoluírem e para oferecerem serviços relevantes, alinhados com as demandas dos habitantes. Ao embarcar nessa jornada digital, estaremos dando um passo além para a construção de uma sociedade mais inovadora, inclusiva e conectada.
*Maria Teresa Lima é diretora-executiva da Embratel para o setor de governo