Por Solange Calvo*

A IA está em todos os cantos do mundo, transformando empresas, hábitos e modelos de negócios. Mas há um longo caminho a percorrer na jornada de entendimento da tecnologia e de como aplicá-la ao negócio de maneira responsável, criativa e segura, em colaboração com os humanos. Este foi o tema central do debate entre executivos da NTT Data e jornalistas, durante a quinta edição do Future Uncovered, na terça-feira, no novo espaço Innovation One, no Cubo Itaú, em São Paulo.

O diferencial do encontro foi o foco na integração dos humanos com as tecnologias, propondo um desenho animador do futuro da IA e da robótica, apesar do temor das pessoas de serem substituídas no trabalho. Cláudia Akemi Umemura, diretora de talento e transformação organizacional da NTT Data Brasil, disse que não se trata de substituição, mas de amplificação do talento humano. A executiva destacou que, nessa trilha, abre-se um valioso espaço para que profissionais assumam novos papéis, mais estratégicos e criativos, gerando impacto direto nas organizações e incentivando pesquisas que moldam o futuro.

Não se trata de uma avaliação empírica. De acordo com o relatório Technology Foresight 2025, o conceito de “humanos aprimorados” ou “super-humanos” é uma tendência-chave, originado pela união de tecnologias como IA generativa, digital twins, robótica pessoal e agentes de IA, capazes de complementarem capacidades humanas, aumentando a produtividade, a qualidade de decisões e a segurança em ambientes críticos.

Na linha de evoluções, com projetos inovadores em variados setores (como telecom, agronegócio e finanças), a empresa trouxe casos de uso com a participação de humanos em colaboração e tecnologias como robôs pessoais voltados para o cuidado de idosos e a saúde, digital twins que simulam cenários para apoiar decisões críticas e agentes conversacionais de IA que podem acelerar negociações e processos de negócios.

Cauê Dias, head de inovação, pesquisa e desenvolvimento da NTT Data no Brasil, ressaltou o comprometimento da empresa em criar valor real para os clientes e o mercado, transformando novos modelos tecnológicos em oportunidades inovadoras no mercado. “Enquanto a IA nos permite expandir nossa inteligência, a robótica nos ajuda a incorporar componentes de força e velocidade ou realizar atividades em áreas de risco. No conjunto, essas inovações representam o acesso a uma infraestrutura cognitiva como nunca vimos antes”, disse.

Robótica pessoal, estrela do momento
A robótica pessoal é dedicada à criação de robôs projetados para atuar diretamente no cotidiano de indivíduos, fora do ambiente industrial ou estritamente profissional. Busca oferecer suporte, conveniência, bem-estar, entretenimento ou assistência na vida diária das pessoas.

Dias explicou que a robótica pessoal tem interação direta com os humanos. Robôs pessoais são feitos para serem intuitivos, com interfaces simples (voz, toque, gestos), e podem desempenhar tarefas diversas, de limpeza a assistência educacional. E fazem isso por meio de sensores, softwares de navegação e algoritmos que podem operar sem supervisão constante. E há até mesmo os que são capazes de auxiliar pessoas idosas ou com deficiência em atividades de mobilidade, medicação e monitoramento, além de conversar, interagir e até ensinar. A robótica pessoal se apresenta hoje como promoter da democratização da robótica, mais próxima da sociedade.

Um dos pontos críticos levantados no evento foi a mensuração do ROI (retorno sobre o investimento) em projetos de IA. Para os executivos da NTT Data, essa tarefa continua sendo um desafio para os boards. Diferentemente de investimentos tradicionais, eles defendem, os ganhos da IA muitas vezes se traduzem em eficiência, agilidade e mitigação de riscos – até porque são dimensões que não aparecem de forma direta nos balanços financeiros.

Uma das possibilidades, segundo Cláudia Umemura, é construir métricas híbridas com indicadores financeiros aliados a métricas de produtividade e redução de tempo em processos. Essa abordagem ajuda a demonstrar um retorno prático e estratégico.

A NTT Data, com sede em São Paulo, tem relevância significativa no mercado global. Possui mais de 340 mil colaboradores no mundo, com receita de US$ 92 bilhões e investimentos anuais de US$ 3,6 bilhões em P&D e está, segundo Dias, comprometida em antecipar tendências, conectar especialistas e apoiar empresas latino-americanas na adoção de tecnologias emergentes que moldam o futuro do trabalho.

*Solange Calvo é diretora editorial da Intertexto