Por Ricardo Marques da Silva

Já se encontra em uso um assistente de IA generativa desenvolvido no Brasil pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), com o apoio do Google, destinado especialmente aos órgãos da administração pública. O ConversAI Studio atua no estilo de bots como o ChatGPT e o Gemini e permite que cada instituição crie seu próprio sistema conversacional com base em modelos de linguagem hospedados e operados integralmente na infraestrutura da estatal de TI, o que aumenta bastante a segurança dos dados.

Segundo o Serpro, o sistema de proteção do ConversAI Studio funciona em quatro níveis, começando pela soberania operacional, já que os dados e modelos rodam exclusivamente no Brasil, sem acesso externo. A soberania técnica, por sua vez, envolve o desenvolvimento de modelos nacionais próprios, enquanto a soberania cultural se refere ao treinamento da IA com dados brasileiros que respeitam o contexto, as políticas e a cultura local. O último nível é a soberania de dados, por meio da governança própria sobre critérios de seleção, qualidade e uso das informações.

Além da proteção dos dados, outro objetivo do projeto, que envolveu um investimento em torno de R$ 700 milhões, é reduzir a dependência do Brasil das grandes empresas de tecnologia. Nesse sentido, a estatal de TI está desenvolvendo outras etapas do programa de IA, como SerproLLM, um modelo multimodal com pelo menos 10 bilhões de parâmetros, treinado exclusivamente com dados nacionais.

Ronaldo Agra, gerente da divisão de IA generativa do Serpro, explicou: “Ao lado das APIs, estamos começando a construir uma outra camada, o Model Context Protocol (MCP), que é um protocolo para agentes de IA. Hoje, a IA generativa consegue, a partir de um texto ou imagem, passar uma instrução e gerar informação. O agente de IA, além de extrair ou gerar informação, consegue realizar tarefas específicas, e estamos construindo MCPs que também vão poder ser usados por nossos desenvolvedores”.

De acordo com Agra, o ConversAI Studio permite que as instituições públicas carreguem suas próprias bases de conhecimento e criem assistentes capazes de esclarecer dúvidas em sua área, em linguagem natural. A ferramenta está sendo testada por instituições públicas como o IBGE e a Receita Federal.