AiotAiot


Pegada de carbono da IA representa um risco ambiental

Pesquisadores constataram que o treinamento de um modelo de grande porte pode emitir até 284 toneladas de CO2

10/08/2023

Pegada de carbono da IA representa um risco ambiental
Tamanho fonte

Por redação AIoT Brasil

Em todo o mundo, a inteligência artificial generativa e ferramentas como o ChatGPT, o Bard e o Bing vêm sendo usadas com sucesso nas mais diferentes áreas, da medicina à administração pública, passando pela produção e o comércio. Isso provocou um crescimento rápido no ritmo dos investimentos em IA, que hoje representa um mercado avaliado em mais de 140 bilhões de dólares, com previsão de chegar a quase 2 trilhões até 2030.

Essa expansão, contudo, também envolve consequências ambientais negativas, provocadas, em grande parte, pelo elevado consumo de energia requerido pelos sistemas de processamento de grandes quantidades de dados. Nesta semana, uma reportagem publicada no portal da empresa pública de jornalismo Deutsche Welle, da Alemanha, alerta para esse risco e afirma, explicitamente, que a IA prejudica o meio ambiente, por causa de sua forte pegada de carbono.

Assinada pela jornalista multimídia australiana Natalie Müller, produtora do podcast ambiental da Deutsche Welle, a matéria afirma que, ao serem treinados, os modelos de IA precisam processar montanhas de dados. Esse extenso trabalho é realizado em datacenters que demandam uma enorme capacidade computacional e consomem muita energia.

Em 2019, por exemplo, pesquisadores da Universidade de Massachusetts constataram que o treinamento de um modelo de IA de grande porte pode emitir até 284 toneladas de CO2 – quase cinco vezes as emissões de um carro durante toda a sua vida útil, incluindo a fabricação. Além disso, outras emissões ocorrem quando a IA é aplicada bilhões de vezes ao dia no mundo real.

Uma das fontes ouvidas por Natalie Müller, a professora de economia política Benedetta Brevini, da Universidade de Sydney, questionou: “Quando vi esses dados pela primeira vez fiquei realmente chocada. Se você pegar um avião de Londres para Nova York, as emissões de carbono serão de 986 quilos. Para treinar um algoritmo, no entanto, emitimos 284 toneladas. Por que não conversamos sobre como podemos reduzir essa pegada de carbono?”.

A pesquisadora Anne Mollen, da organização não governamental Algorithmwatch, acrescentou: “A infraestrutura conjunta das centrais de computadores e das redes de transferência de dados é responsável por até 4% das emissões globais de CO2 em todo o mundo, número próximo ao do setor da aviação. Não é apenas a IA, mas ela é uma grande parte do problema”.

Para reduzir esse risco, os especialistas sugerem, entre outras iniciativas, o desenvolvimento de modelos de IA mais leves, para inverter a tendência atual de uso de conjuntos de dados cada vez maiores, e o treinamento dos algoritmos no hardware mais eficiente disponível. “A instalação de datacenters em regiões que dependem de energia renovável e não requerem muita água para resfriamento também pode reduzir a pegada de carbono da IA”, lembrou Natalie Müller.

A reportagem também lembra que as grandes empresas de tecnologia vêm se comportando bem nessa área. O Google, por exemplo, diz ter uma pegada de carbono zero, graças aos investimentos em medidas de compensação, e pretende operar com energia livre de CO2 até 2030. A Microsoft e a Meta também se comprometeram a ser neutras em carbono até 2030.

TAGS

#Bard#Bing#ChatGPT#inteligência artificial generativa#pegada de carbono#risco ambiental

COMPARTILHE

Notícias Relacionadas