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Inteligência artificial: quem não usar, vai ficar para trás

Flavio Carnaval, líder de práticas de cloud, dados e IA da Kyndryl, fala sobre a importância da inteligência artificial na tomada de decisões e como é possível apontar erros mesmo antes deles acontecerem

20/01/2023

Inteligência artificial: quem não usar, vai ficar para trás
*Crédito da imagem: negócio digital
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Por Daniel dos Santos, editor do AIoT Brasil

Spin-off da IBM, a Kyndryl chegou ao mercado em setembro de 2021, como uma empresa independente, fruto da cisão da área de serviços de infraestrutura da centenária companhia. Com as empresas passando por mudanças radicais na forma em que operam e conduzem seus negócios, os processos passaram a obedecer a lógica de um mercado cada vez mais digital, que absorve mudanças velozes atendendo à necessidade de respostas ágeis e personalizadas.

As empresas tomam decisões difíceis e de alto risco o tempo todo, e muitas delas definirão seu sucesso nas próximas décadas. Essas companhias precisam de ajuda e é aí que a Kyndryl entra. Na entrevista abaixo, Flavio Carnaval, líder de práticas de cloud, dados e IA da Kyndryl, fala sobre a importância da inteligência artificial na tomada de decisão e explica como identificar erros mesmo antes deles acontecerem

AIoT Brasil:  Como a Kyndryl utiliza a inteligência artificial nos seus serviços e soluções?
Flavio Carnaval, líder de práticas de cloud, dados e IA da Kyndryl – Nós utilizamos inteligência artificial praticamente em todos os nossos contextos de trabalho atualmente.  A quantidade de tecnologias que existe hoje no mercado complica e tornam a vida de todos ainda mais complexa.  Se não bastasse uma cloud, agora a gente tem várias clouds. São várias ITs gerando uma complexidade muito grande, uma necessidade de integração muito grande. Quando você traz um workload, e esse workload passa a ser o centro da atenção no sentido de como a gente vai trabalhar, no sentido de onde é melhor colocá-lo, como eu vou integrar este workload, que está num determinado local, com outro? Estamos pensando: como eu faço para levar este workload para nuvem A? E se de repente não for tão bom, como eu faço para migrar ele para nuvem B? Então você já tem que pensar em tudo isso antes, e desenvolver isso.

E o uso de inteligência artificial ajuda muito também no contexto da automação, no contexto da edição, no contexto da inteligência adquirida e utilizada para tomar decisões mais rápidas. Quando a gente fala de Kyndryl Bridge, um dos pontos fortes é a gente poder conglomerar o máximo possível de aplicações existentes no mercado. Temos dentro da plataforma várias soluções integradas, montadas em formato de plataforma, onde eu utilizo inteligência,  encapsulo inteligência artificial ali, onde essa inteligência cria, por meio de uma observabilidade uma monitoração avançada capturando dados, esses dados vão com ele para o data lake , esse data lake é analisado e a partir destas análises, utilizo inteligência artificial para fazer duas coisas: uma coisa é gerar para o cliente sugestões de melhoria, e gerar para minha equipe estas mesmas sugestões , a ponto de eu sugerir para o cliente, para todos os contextos que estou observando, coisas que possam vir a melhorar o ambiente dele.

Muitas destas coisas eu já aplico de forma natural porque são coisas que dizem respeito à minha prestação de serviço. Outras coisas preciso apontar para o cliente, como melhorias de integração, de melhorias relativas a alguma necessidade de processo. Onde esse cliente vai conseguir a partir daí tornar o ambiente dele cada vez mais performático. Então a inteligência artificial hoje é aplicada no meu cliente que é o cerne do meu delivery hoje, da plataforma que eu utilizo para entregar meus serviços, como onde eu consigo através da observabilidade, acúmulo dos dados e análise destes dados para gerar estas questões importantes, que tornam o ambiente do meu cliente cada dia mais eficiente e mais performático.

AIoT Brasil: Com esse tipo de estratégia vocês conseguem identificar problemas mesmo antes de eles acontecerem?
Flavio Carnaval:  A gente consegue utilizar a inteligência artificial para prescrever e para predizer, então, eu consigo entender o agora e consigo entender o futuro. A partir do momento que eu tenho estes dados que dizem respeito muito ao meu presente, muitas vezes até ao meu passado, lembrando que, eu tenho esse data lake ele é super fortalecido com o que nós chamamos de use cases. Esses uses case são inseridos, não somente no Brasil, então todas as Kyndryl no mundo alimentam esse data lake, com vários e vários use cases. Posso pegar um use case de uma seguradora no Japão, por exemplo, que passou por uma determinada situação e aquilo virou um aprendizado que é alimentado no data lake, e a partir daí ele é testado e utilizado nos ambientes locais no mundo inteiro. Eu consigo gerar sugestões para esse cliente, que pode estar passando por uma dificuldade semelhante.

E isso gera uma infinidade absurda porque eu não preciso pesquisar muito a solução para aquele tipo de problema agora. Porque no passado eu tive e alimentei, aprendi e a partir daí eu gero uma certa predicabilidade. Se eu tenho algum problema num cliente, sendo que aquele problema foi resolvido de uma certa maneira, e eu tenho potenciais clientes que possam vir a ter aquele mesmo problema, eu utilizo aquele remédio para sugerir que seja feito alguma iniciativa, alguma atividade técnica para resolver aquele problema antes mesmo dele acontecer.

AIoT Brasil: Quais as principais soluções e serviços oferecidos pela Kyndryl?
Flavio Carnaval: Nós hoje temos seis práticas diferentes aqui dentro da Kyndryl. Sou responsável por duas. Uma é Cloud, e a outra, a gente chama de ADAI (Aplicações, Dados e Inteligência Artificial), das quais eu sou responsável. Além dela, há Segurança e Resiliência, além de Mainframe, Networking e Digital Workplace. Estas práticas conglomeram todas as soluções que nós entregamos para o mercado e claro conglomera também todas as alianças que nós temos, locais e globais. Nossas soluções são compostas por diversos tipos de tecnologias, que permeiam estas seis práticas.

AIoT Brasil: Segundo informações da IDC, apenas 32% dos dados disponíveis para as empresas são realmente utilizados. Qual é o prejuízo que você vê para as empresas que desperdiçam essa informação, principalmente no cenário atual, em que dados são como ouro?
Flavio Carnaval: Essa é uma realidade no Brasil e em muitos países no mundo. Quando a gente olha as empresas hoje em dia, quando a gente fala que 32% dos dados são utilizados e o restante não, é porque não há, primeiro, uma cultura de gestão e tratamento do dado de forma séria e profissional. Então Isso é uma das coisas que a gente identificou que precisa ser realizado. A cultura de como eu trato o meu dado, como eu classifico esse meu dado, se ele é crítico, se ele é importante, se ele é um dado que não tem importância para o negócio, as empresas estão começando a levar isso mais a sério.

Então estes índices que saem dos 32%, daqui a alguns anos, com certeza, vão aumentar, e isso se deve pelo fato de a conscientização e aculturamento do melhor uso do dado dentro das empresas. A gente já começa a falar de outras coisas, por exemplo, sobre a cultura organizacional. Existe hoje uma cultura organizacional que você não precisa ser tão radical no tratamento daquele dado, na segurança daquele dado. E isso já está mudando, as empresas já estão querendo compliance, estão criando regulações que fazem com que aquele dado que é gerado seja uma propriedade do negócio que ele seja cada vez melhor gerido. A conscientização cultural e organizacional de entender o dado e entender que aquilo é um ativo do negócio (e precisa ser cultivado, cultuado, e bem gerido). Outro ponto é a mudança. Mudar processos, mudar padrões para que isso seja realizado da melhor maneira possível, isso ainda é um grande desafio em Data Analytics. Se você perguntar para uma empresa hoje qual dado eu posso utilizar para possa monetizar, ganhar dinheiro com ele, poucas sabem dizer. Pois não há uma classificação adequada para isso. Ainda é um desafio organizacional e ao mesmo tempo um desafio grande de aceitação que essa mudança é necessária. Está acontecendo a passos lentos, mas está acontecendo.

AIoT Brasil: Qual é a importância da inteligência artificial para o mercado de TI?
Flavio Carnaval: Não tenho dúvida de que ela é essencial. Eu tenho discutido com os analistas do Gartner constantemente sobre isso, as empresas que trabalham com este tipo de tecnologia saem na frente. Porque cada vez mais estamos fazendo gestão e a criação de modelos cada vez mais complexos, dado à dispersão do dado onde ele se encontra. Você pode ter dados em diferentes localidades. Eu tenho que fazer a gestão desta malha de complexidade. Sem uso de inteligência artificial, sem uso de automação, sem uso de orquestração, sem uso destes expedientes, seria quase impossível fazer isso de uma forma efetiva com eficiência.

Então a inteligência artificial me ajuda a acelerar processos e me ajuda a antever dificuldade que eu possa vir a ter na gestão destes ambientes, ou seja, eu não tenho dúvida alguma que todos esses use cases que eu venho criando ao longo dos anos e que começamos a aplicar na nossa base de informação Kyndryl Bridge e os outros demais que a gente vem criando, vem aprendendo, entendendo todos os anos, todos os meses, todos os dias, com certeza nenhuma vai me ajudar a ter uma efetividade cada vez maior dos meus processos de gestão de TI. Isso faz com que aumente ainda mais a disponibilidade dos negócios e, claro, os negócios consigam ser cada vez mais eficientes.

AIoT Brasil: Você acredita que neste ritmo que a inteligência artificial está, ela vai virar commodity? Todos os setores vão utilizar inteligência artificial?
Flavio Carnaval: Todos os setores vão utilizar inteligência artificial. Não tenho a menor dúvida.  Em alguns seguimentos as indústrias são muito competitivas, no segmento de manufatura de carros, por exemplo, a coisa é absurdamente competitiva, toda hora você tem uma coisa nova uma tecnologia nova, um sensor novo, e precisa-se reagir a aquilo você precisa estar toda hora reagindo a aquela inovação. Uma inovação em média,  dura seis meses pra ser copiada.

Então você precisa correr muito, acelerar muito aquilo para você poder não só reagir ao mercado, mas também àquela iniciativa especificamente, para ganhar dinheiro com aquela inovação. Então a inteligência artificial passa por isso, ela passa por como a gente consegue ajudar os clientes a descobrir estas inovações e lucrar o mais rápido possível com aquilo,  criar outras  e assim por diante, isso é um círculo virtuoso, tem que estar sempre e constantemente sendo exercitado.

Eu não acredito que virará um commodity porque inteligência artificial passa pela criação de modelos, que são modelos amplamente sigilosos, que fazem parte de um negócio específico daquele cliente, e são modelos que dependem muito da criatividade humana ainda para serem criados. O que eu acredito que vai acontecer é que esses modelos também vão começar a ser criados pelas próprias máquinas. Teremos cada vez menos input humano, mas que vai continuar sendo algo extremamente diferenciado, porque ainda depende muito da sensibilidade humana no uso, de como você vai aplicar ao seu negócio no seu dia a dia. Vai ser quase o mandatório utilizar. Quem não fizer isso, com certeza vai ficar para trás.

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#data lake#gartner#IA#IBM#inteligência artificial#Kyndryl

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