Por Gisselle Ruiz Lanza*

“O PC com IA representa a maior transformação da experiência do PC em 20 anos, desde que os notebooks se conectaram ao Wi-Fi pela primeira vez, de qualquer lugar.” Essa frase do Pat Gelsinger, CEO da Intel, elucida bem como, em apenas alguns anos, não poderemos mais imaginar nossas máquinas sem Inteligência Artificial (IA). Espera-se que os PCs com IA representem 80% do mercado até 2028, de acordo com o Boston Consulting Group. Mas o que isso significa para os negócios e o dia a dia das pessoas?

Como comentei acima, já são mais de duas décadas do Wi-Fi presente no cotidiano, e hoje essa tecnologia já se popularizou tanto que essa é uma as primeiras perguntas que pensamos ao entrar em um estabelecimento “Tem Wi-Fi?”. Em breve, a praticidade do PC com IA também será tão marcada como um aliado da nossa rotina, que a ideia de ficar sem os seus recursos personalizados será como se encontrar em um ambiente sem Wi-Fi. E é claro que isso também impactará os negócios.

Para os líderes, o que importa é usar a tecnologia para ajudar a resolver seus desafios de negócios. Um relatório global recente da KPMG International apontou o aumento significativo do apetite dos líderes por tecnologias emergentes, sobretudo em relação à inteligência artificial generativa. Esse interesse mais do que triplicou no último ano, passando de 10% para 38%. No Brasil, 63% dos entrevistados acreditam que a IA será uma tecnologia fundamental para atingir os objetivos das organizações nos próximos três anos. Os líderes destacaram a eficácia comprovada em resolver desafios organizacionais imediatos ao escolherem a tecnologia.

Enquanto fabricantes de software e OEMs (fabricantes de equipamentos) aproveitam esses avanços, a demanda por hardware mais poderoso cresce, impulsionando ainda mais a inovação. Em paralelo, empresas como a Intel, por exemplo, trabalha em estreita colaboração com fornecedores de software para melhorar a experiência do usuário e maximizar o potencial dos produtos – nos próximos dois anos, a empresa fornecerá 100 milhões de processadores de clientes com aceleradores de IA dedicados.

No começo do mês, a Intel anunciou que ultrapassou 500 modelos de IA rodando otimizados nos novos processadores Intel Core Ultra. O resultado disso: um ecossistema que oferece uma vantagem competitiva significativa e que, não apenas impulsiona a indústria de PCs, mas também redefine a forma como interagimos com a tecnologia, oferecendo um vislumbre de um futuro em que as possibilidades da IA são verdadeiramente ilimitadas.

Falando nesse futuro, já temos diversos dados que apontam para essa realidade tão próxima. Uma pesquisa da Canalys aponta que a IA será uma das maiores responsáveis pela escolha de uma máquina, com estimativa de que 48 milhões de PCs capazes de utilizar inteligência artificial sejam vendidos ainda em 2024. Isto representaria um total de 18% de todos os computadores comprados pelos consumidores. E, segundo o estudo, este número já subirá para a marca de 100 milhões vendidos em 2025, atingindo 40% de todas as vendas já no próximo ano.

Porque as empresas devem investir em IA para PCs
Os dados não mentem. De acordo com o Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2023 do World Economic Forum, espera-se que até um quarto dos empregos mudem nos próximos cinco anos, com funções relacionadas à IA e ao aprendizado de máquina liderando o crescimento. O treinamento de funcionários para utilizar IA e big data será uma prioridade para 42% das empresas nos próximos cinco anos, demonstrando a importância crescente dessas habilidades no mercado de trabalho.

Afinal, a IA já está transformando o mundo dos negócios, e precisamos de pessoas capacitadas para essa realidade. Consultores utilizando GPT-4 aumentaram sua produtividade em 12,2%, concluindo tarefas 25,1% mais rapidamente e com qualidade 40% superior, como observou o professor Ethan Mollick da Wharton School.

No Brasil, a adoção de IA vem crescendo rapidamente, com 41% das empresas já utilizando alguma forma de IA no dia a dia. Desde a detecção de ameaças de segurança até o marketing e vendas, a IA se torna uma ferramenta essencial para impulsionar o crescimento e a inovação empresarial. Portanto, é fundamental que as empresas acompanhem essa tendência e invistam nessa tecnologia – em breve, ter PCs com IA não será mais um diferencial, mas a regra do mercado, então é importante as empresas não ficarem para trás.

Mas afinal, o que é um AI PC?
A curto prazo, o mundo do PC com IA envolve assistentes pessoais e modelos de IA menores executados diretamente em seu PC, utilizando as informações de usuário para oferecer aprimoramentos de IA pessoais, privados e mais seguros para coisas que você já faz todos os dias — tomando notas de reuniões, automatizando melhorias para edição de fotos e vídeos ou criando o itinerário perfeito para uma reunião familiar com base nos tempos de chegada e saída de todos. Um AI PC opera de forma mais produtiva, auxilia na criação e edição de conteúdos, além de ser uma ótima escolha para os amantes de jogos.

As definições de PC com IA podem variar, mas a essência reside na incorporação de uma Unidade de Processamento Neural (NPU), juntamente com a tradicional CPU (unidade central de processamento) e GPU (unidades de processamento gráfico). A NPU é um acelerador especializado responsável por administrar tarefas de inteligência artificial e aprendizado de máquina diretamente no PC.

A NPU tem muitas funções e entre elas, aliviar o consumo da workloads de IA da CPU e GPU, selecionando automaticamente as tarefas que fazem mais sentido para cada unidade de processamento distinta, ou até a combinação de mais de uma, se necessário. Com essa mudança, ganhamos eficiência energética e as tarefas de IA acontecem todas localmente, sem exigir um processamento massivo de dados. O que resulta em mais personalização, segurança, sustentabilidade e economia.

A era da IA para PC significa que a inteligência artificial sai da nuvem e se transpõe a todas as áreas de nossas vidas: trabalho, lazer, esportes, família e muito, muito mais. Sempre válido destacar que a IA não é um substituto da inteligência humana, mas uma ferramenta para ampliar a criatividade e o engenho humano, por isso, ainda aperfeiçoaremos e vivenciaremos todos os benefícios que a tecnologia tem a oferecer – tanto nós, como pessoas, como quanto empresas.

Estamos no meio de um longo caminho de inovação, e ainda há muito mais a ser descoberto.

*Gisselle Ruiz Lanza é vice-presidente e diretora geral da Intel na América Latina