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Estudo Logicalis: IA precisa ir além da produtividade

Empresas brasileiras avançam na adoção da tecnologia, mas falta maturidade estratégica que alinhe objetivos de negócio e inovação

24/11/2025

Estudo Logicalis: IA precisa ir além da produtividade
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Por Solange Calvo

Márcio Caputo, CEO da Logicalis para a América Latina

A inteligência artificial (IA) deixou de ser promessa para se tornar base estruturante da economia digital. No Brasil, porém, grande parte das empresas ainda permanece na fase de adoção, implementando pilotos, testando ferramentas e automatizando processos básicos.

A maturidade, portanto, está distante de apresentar avanços significativos em direção ao estágio de aceleração, em que a IA realmente se converta em diferencial competitivo. A corrida tecnológica por IA ganha força, mas sua evolução estratégica, ainda embrionária, é estancada por falta de infraestrutura básica para sua adoção e ainda de conhecimento.

Essas análises estão apoiadas em resultados da pesquisa “IT Trends Snapshot 2025”, um panorama da adoção de tecnologia no Brasil, realizada pela Logicalis em parceria com a consultoria Stratica.

Em relação às prioridades de negócios, o foco detectado pelo levantamento, que contou com a participação de 129 executivos de TI, não apresentou surpresas: a busca por eficiência operacional (apontada por 67% dos executivos) prossegue no topo, seguida por melhoria da experiência do cliente (59%) e otimização de processos (57%). Essas evidências se refletem no cenário tecnológico, com 49% das empresas apontando a automação como alta prioridade de tecnologia.

Com o avanço do mercado cada vez mais digital, puxado pelas mais variadas possibilidades de aplicações com IA, a segurança da informação foi apontada como prioridade por 80% dos executivos. Afinal, o mundo está em franca exposição e, portanto, em risco constante: engenharia social avançada utilizando IA (60%), ataques de phishing personalizados (56%) e automação de ataques via agentes maliciosos (55%).

“O protagonismo da segurança da informação mostra que resiliência e governança serão a base para a inovação digital”, acrescentou Cláudia Muchaluat, CRO da Logicalis.

Calcanhar de Aquiles

Para 87% dos respondentes, o impacto da IA depende mais da cultura organizacional do que da tecnologia pura. A cultura, sem dúvida, é o ponto nevrálgico. Sem permear toda a empresa, IA dificilmente terá sucesso. Não por acaso, 73% dos executivos disseram não perceber ganhos claros de performance com sua adoção. É necessário trabalhar no modelo de colaboração.

“Isso porque, para transformar IA em motor de negócios, é preciso ir além da automação e da busca imediatista por produtividade”, destacou Márcio Caputo, CEO da Logicalis para a América Latina.

Na avaliação de Caputo, a vantagem real nasce quando a tecnologia está profundamente integrada aos objetivos corporativos, à cultura da empresa, permeando todas as diferentes áreas. Dessa forma, ele entende, será possível promover novos modelos de receita, antecipar demandas, personalizar jornadas do cliente, redesenhar operações e suportar decisões de forma preditiva.

Outro fator que ainda é uma pedra no sapato de CIOs de variados setores da economia é a dificuldade de mensurar o retorno do investimento (ROI) para apresentar ao board, ainda que a empresa tenha obtido ganhos em produtividade e na satisfação dos profissionais com a automação de processos.

Nessa esteira, prossegue o desafio de medir ganhos intangíveis. De acordo com a pesquisa, apenas 29% das empresas conseguiram mensurar resultados concretos em projetos de IA focados em produtividade.

“Em contato com as empresas, percebo que elas têm dificuldades de identificar o que está faltando no desenho estratégico ideal. Mas sabem que falta algo.” Isso exige visão mais ampla e confiança, prossegue Caputo, governança de dados, cultura orientada por experimentação e equipes capacitadas para operar em ciclos contínuos de inovação.

Hoje, muitas companhias investem em IA sem conectar o uso da tecnologia aos desafios estratégicos da organização. O resultado é uma coleção de iniciativas isoladas, pouco escaláveis e sem impacto transformador. “Para avançar, é preciso internalizar que IA não é apenas ferramenta e sim um pilar de competitividade”, disse Fabio Hashimoto, CTO da Logicalis.

Exemplo dentro de casa

Prova da força da cultura vem do exemplo da própria Logicalis.  A empresa criou a Norma, solução inovadora baseada em IA, que otimiza a análise e a revisão de contratos. Os documentos são carregados em formato PDF e a IA identifica padrões, analisa cláusulas e gera uma versão revisada com marcações para que a equipe jurídica faça a validação final.

A Norma, desde a sua criação, é liderada por uma advogada da Logicalis, Marina Barros, gerente sênior do Jurídico, responsável pelo projeto, motivo de orgulho da empresa. “É um exemplo real de como um colaborador pode contribuir com inovação em todas as áreas”, destacou Caputo.

Segundo o CEO, o modelo foi treinado com contratos de referência que refletem as diretrizes da empresa, permitindo que, diante de cláusulas novas, a IA busque similaridades, sugira ajustes e garanta alinhamento com as práticas desejadas.

Mais do que automatizar tarefas, a Norma atua como um instrumento que potencializa o trabalho do advogado, trazendo agilidade e consistência sem abrir mão da governança e da qualidade.

Foram dois meses para a primeira versão, mas o processo é de melhoria constante, com aprendizado contínuo sobre o potencial da IA. Além de agilizar a análise, a Norma também permite melhoria na qualidade dos documentos, ao propor a revisão das cláusulas com base nas melhores práticas.

Para a Logicalis, o salto da IA virá quando empresas migrarem da adoção fragmentada para a aceleração integrada, alinhando tecnologia ao core do negócio. As primeiras organizações que fizerem essa travessia serão protagonistas da próxima década: mais ágeis, mais inovadoras, mais preparadas para competir em um mercado que se reinventa todos os dias.

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#AI#CIO#estratégia#IA#produtividade#ROI

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