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Do telefone público à IA: a evolução do combate ao crime

Em sua coluna de estreia no AIoT Brasil, Gustavo Ancheschi, presidente da Motorola Solutions, mostra que os carros de polícia são verdadeiros data centers, conectados a ecossistemas com inteligência artificial

05/07/2023Por Gustavo Ancheschi

Do telefone público à IA: a evolução do combate ao crime
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Por Gustavo Ancheschi*

Algumas pessoas podem não se lembrar, mas há poucas décadas o ecossistema da segurança pública era completamente diferente do que vemos hoje. A tecnologia transformou a forma como trabalhamos e como vivemos nossas vidas, mas é ainda mais importante pensar no impacto profundo dela na comunicação para acompanhar as mudanças e aumento da criminalidade, e permitir que trilhemos nossos caminhos com mais segurança todos os dias.

É por isso que trago hoje essa linha do tempo, com uma pincelada na história dessa evolução para nos levar à reflexão do quão importante a tecnologia para a comunicação como um todo – via voz, texto e vídeo – transformou um cenário em uma multiplataforma de recursos de segurança para a população e combate ao crime.

No início do século passado, os policiais nos EUA faziam suas patrulhas a pé nas vizinhanças e contavam com um apito, um bastão e a colaboração da população para combater o crime. Se preciso, podiam correr até um tipo de telefone público especial para chamar reforço na central.

Por volta de 1920, com as restrições da Lei Seca no país e o aumento da criminalidade, as forças policiais viram a necessidade de introduzir o uso de viaturas para patrulhar as vias das cidades, porém, a comunicação ainda era ineficiente, com os policiais recorrendo a estações de rádio e equipamentos frágeis e que dependiam de recarga de bateria em poucas horas.

Em várias localidades dos EUA se buscava uma maneira de conectar os policiais na rua com o Centro de Comando, criando vários padrões e maneiras improvisadas, mas nenhuma que atendesse as reais necessidades.

Foi então que em 1938 a Galvin Manufaturing, que mais tarde se tornou a Motorola e que desenvolveu o primeiro rádio móvel para pessoas ouvirem música em seus carros – com o mesmo nome – decidiu em conjunto com o governo criar um sistema FM de duas vias – para ouvir e ser ouvido. Os rádios eram diferentes dos anteriores, mais robustos e preparados com a expertise da Motorola em equipamentos para o consumidor.

Chamando todos os carros
A partir dos rádios  embarcados nas viaturas, a evolução tecnológica foi avançando e outros players entraram no mercado para oferecer às forças policiais comunicação de missão crítica, ou seja, aqui falamos de um chamado do qual pode depender a vida das pessoas.

Foram criadas as centrais de despacho e grupos de chamado. Já mais perto dos dias atuais surgiu o rádio digital, que abriu uma variada gama de possibilidades de comunicação e um importante avanço, a criptografia, que impede que pessoas não autorizadas escutem as conversas das autoridades.

A frase clássica que ouvimos nos filmes “chamando todos os carros” foi se tornando cada vez mais popular. Isso porque a tecnologia avançou a ponto de permitir a definição de grupos específicos de chamado, acionando de forma inteligente a força necessária para cada situação.

Unidades de inteligência móvel
Hoje, os policiais contam com um verdadeiro data center em suas viaturas conectadas a ecossistemas com Inteligência Artificial para correlacionar informações. O rádio ainda está presente nos carros da polícia devido à sua confiabilidade e durabilidade, mas seguindo no caminho da inovação, diversas tecnologias foram integradas para transformar esses carros em unidades de inteligência móvel.

Os veículos contam com câmeras inteligentes capazes de reconhecer placas suspeitas ou fruto de roubo, acesso aos bancos de dados, sensores que detectam momentos de perigo ou situações fora do padrão e registros de toda a ação policial de forma segura – tudo em nuvem.

Ainda, veículos com instalações específicas e personalizadas podem ser deslocados para atender determinadas ocorrências ou eventos, contando com tecnologia avançada que antes estava disponível apenas em edifícios próprios para o gerenciamento de segurança. Estas vans são similares ao que víamos em filmes, com telas, antenas e dispositivos para ampliar o alcance da vigilância e são verdadeiros centros móveis de comando e controle, deslocando a tecnologia para o local onde é necessária.

Do apertar de botões aos drones
Logo no início de Blade Runner 2049 (filme de 2017), o investigador utiliza um drone da sua viatura para investigar a cena de um crime. Apesar de ser a sequência de um clássico da ficção científica, este cenário já é uma realidade e não precisamos esperar três décadas para ver isto acontecer.

A integração de drones em uma viatura é realizada por meio de dispositivos LTE (4G) que criam bolhas de conectividade a partir da viatura para enviar imagens de um drone para um centro de comando, seja ele móvel ou fixo.

A integração dos padrões de rádio P25, TETRA, DMR com LTE permite operações conjuntas com viaturas e policiais, conectados o tempo todo, utilizando inteligência artificial, registro de placas e imagens com câmeras fixas, móveis, embarcadas em veículos, e corporais (bodycams) para chegar onde for necessário para manter a segurança da população.

Fico imaginando se o policial da década de 1920 sequer imaginaria que teríamos imagens em tempo real na palma da mão em uma época em que nem mesmo os carros eram utilizados e a TV era um sonho distante.

A tecnologia entregue hoje é o trabalho de Pesquisa & Desenvolvimento que vivemos até agora, mas daqui em diante ainda podemos esperar que as próximas ondas de inovação desafiem até mesmo as mentes criativas da ficção científica.

*Gustavo Ancheschi é presidente da Motorola Solutions no Brasil 

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#crime#FM#IA#inteligência artificial#inteligência móvel#Motorola#polícia#rádio#segurança

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