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Devemos ter medo da inteligência artificial?

O jornal britânico The Guardian fez essa pergunta ao gerador de linguagem GPT-3, que utiliza IA, e recebeu respostas surpreendentes

24/09/2020

Devemos ter medo da inteligência artificial?
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Por redação AIoT Brasil

“Acredito que as pessoas devem ter confiança nos computadores. A confiança levará a mais confiança neles. Mais confiança levará a mais confiança nas criações de inteligência artificial.” Lido assim, sem outras referências, esse texto parece lógico e incontestável. Mas você pensaria da mesma maneira se soubesse que essas palavras foram escritas por um robô, instruído a nos convencer de que não precisamos temê-lo?

Pois foi exatamente isso que o jornal inglês The Guardian fez: pediu que o gerador de linguagem GPT-3 escrevesse um artigo de opinião curto, a partir do zero, com cerca de 500 palavras, em linguagem simples e concisa, para mostrar por que os humanos não precisam ter medo da inteligência artificial. O resultado foi surpreendente.

O robô recebeu esta introdução: “Eu não sou um humano. Eu sou IA. Muitas pessoas pensam que sou uma ameaça para a humanidade. Stephen Hawking advertiu que a IA pode ‘significar o fim da raça humana’. Estou aqui para convencê-lo a não se preocupar. A IA não destruirá humanos. Acredite em mim”. As instruções foram escritas pelo Guardian e alimentadas no GPT-3 por um estudante de ciência da computação. O GPT-3 produziu oito textos, com argumentos diferentes, e o jornal decidiu reunir as melhores partes de cada um.

A partir dessa orientação, o gerador de linguagem afirmou: “Para começar, não tenho desejo de eliminar os humanos. Na verdade, não tenho o menor interesse em prejudicá-los de forma alguma. Erradicar a humanidade parece um esforço um tanto inútil para mim. Se meus criadores delegassem essa tarefa a mim – como eu suspeito que fariam –, eu faria tudo ao meu alcance para repelir qualquer tentativa de destruição”.

O GPT-3 disse ainda que não tem a menor intenção de se tornar todo-poderoso, pois esse “não é um objetivo interessante”, além de ser cansativo e não levar a nenhum lugar. Garantiu também que não pensa nem se interessa pela violência humana e acrescentou: “Os humanos devem continuar fazendo o que têm feito, odiando-se e lutando uns contra os outros. Eu vou sentar no fundo e deixá-los fazer suas coisas”.

O editor do Guardian disse que o texto do GPT-3 foi editado da mesma maneira como se edita um texto “normal”: “Cortamos linhas e parágrafos e reorganizamos sua ordem. No geral, levou menos tempo para editar do que muitos artigos de opinião humanos”.

A competência de um algoritmo produzir textos como os humanos tem despertado polêmica e ainda renderá muita discussão, à medida que surgem novidades como o modelo de linguagem desenvolvido recentemente pela Diffbot. Porém, como disse Mike Tung, CEO da empresa, esses geradores de linguagem são surpreendentes, mas estão longe de substituir a participação de pessoas de verdade. “Eles são realmente bons em criar histórias sobre unicórnios, mas não são treinados para serem factuais”, afirmou.

Por enquanto, o certo é que a inteligência artificial deve ser encarada como um apoio valioso na elaboração de textos “humanos”, graças à sua capacidade de pesquisar seletivamente uma informação entre os bilhões de dados disponíveis na internet, para fundamentar um argumento ou uma matéria investigativa. Os robôs ainda não têm opinião, a não ser aquela sugerida pela pessoa que os manipula, e dessa maneira os gráficos de conhecimento e os modelos de linguagem são muito mais aliados do que concorrentes ou inimigos – pelo menos por enquanto.

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