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Como a inteligência artificial está moldando o mercado financeiro

Mais da metade dos líderes de instituições financeiras no Brasil planeja implementar mecanismos de inteligência artificial para detecção de fraudes

01/07/2025Por Marcio Aguiar

Como a inteligência artificial está moldando o mercado financeiro
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No início deste mês, tive a oportunidade de participar do Febraban Tech, o maior evento de tecnologia e inovação para o setor financeiro da América Latina. A edição de 2025 refletiu um movimento que já havíamos previsto: a inteligência artificial (IA) como uma realidade estratégica para as instituições financeiras. Segundo o estudo Pulso 2024, realizado pela Topaz em parceria com a Celent, mais da metade (52%) dos líderes de instituições financeiras no Brasil planeja implementar mecanismos de inteligência artificial para detecção de fraudes. Essa tendência destaca o foco do setor brasileiro em segurança e avaliação de risco, em contraste com outros países da América Latina, onde a prioridade é o uso de IA para chatbots de atendimento ao cliente.

Nas últimas transformações do setor financeiro, uma das frentes em que a IA tem avançado é a personalização do relacionamento com o cliente. Historicamente, as instituições financeiras utilizavam principalmente chatbots e assistentes virtuais que ao operarem de forma ininterrupta em dúvidas frequentes do consumidor, ajudavam a agilizar o atendimento e permitiam que os colaboradores direcionassem seu tempo para tarefas mais estratégicas. No entanto, essas funcionalidades também apresentavam alguns desafios, como respostas limitadas e, muitas vezes, pouco contextualizadas às reais necessidades dos usuários. Agora, o cenário começa a mudar com a chegada dos agentes de IA, que são capazes de interpretar intenções, criar respostas personalizadas com base em históricos de interação e analisar dados comportamentais a fim de oferecer sugestões proativas e tornar essa dinâmica próxima da linguagem humana.

Outro campo que vem sendo transformado é o gerenciamento de riscos. As instituições estão utilizando a IA para analisar, em tempo real, grandes volumes de dados de transações financeiras, o que aumenta a capacidade de detectar possíveis fraudes e prevenir perdas. Um exemplo é o uso do machine learning para identificar comportamentos fora do padrão nas operações bancárias, tarefa que antes exigia tempo e o esforço de equipes inteiras de analistas.

Do ponto de vista interno, a automação de processos ganha força. A inovação vem sendo aplicada na aceleração de tarefas que antes eram executadas manualmente, como a análise de crédito e o processamento de documentos. Por fim, podemos destacar a habilidade preditiva da tecnologia. Bancos têm utilizado modelos preditivos para antecipar inadimplências, ajustar suas estratégias de concessão de crédito e até projetar cenários econômicos para embasar decisões de negócios. Essa visão analítica, com foco em dados, torna a gestão financeira ágil e menos suscetível a riscos externos.

Olhando para o futuro, os agentes de IA e os sistemas de combate a fraudes continuarão evoluindo, alcançando maiores níveis de sofisticação. Além disso, outras tendências devem se consolidar nesse mercado como a busca assistida, que utiliza a tecnologia para interpretar consultas complexas e auxiliar usuários a encontrar informações e soluções de forma rápida e precisa, simplificando assim o acesso a serviços financeiros. Outra inovação importante é a IA multimodal, que integra e interpreta diferentes formatos de conteúdo (textos, imagens, voz e vídeo), permitindo uma análise aprofundada e contextualizada do comportamento e das necessidades dos clientes. Essa capacidade integrada permite oferecer recomendações personalizadas e tornar o atendimento mais consultivo, antecipando demandas e promovendo o bem-estar financeiro dos usuários.

É inegável que a inteligência artificial se tornará um elemento central na construção de estratégias e experiências dentro do setor financeiro. Entretanto, sua implementação requer atenção a aspectos éticos e regulatórios, especialmente no que diz respeito à transparência e à proteção dos dados dos clientes. Assim, as instituições que souberem integrar essas soluções de forma assertiva e responsável estarão mais bem preparadas para atender às novas expectativas dos consumidores e responder rapidamente às dinâmicas do mercado. Os próximos anos exigirão personalização e proatividade, e a IA será o fundamento dessa transformação.

*Marcio Aguiar é diretor da divisão Enterprise da Nvidia para América Latina

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#AI#dados#Finanças#fraude#IA#mercado financeiro#segurança

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