Relatório da Akamai indica que o mercado ilegal causa um prejuízo de quase R$ 290 bilhões no Brasil ao ano; veja como a inteligência artificial colabora no combate a isso
14/02/2022
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Loki: série mais pirateada no ano passado (imagem: reprodução)
Por redação AIoT Brasil
Com um total de 4,5 bilhões de visitas entre janeiro e setembro de 2021, o Brasil passou a ocupar o quinto lugar no ranking global de acesso a sites de pirataria, com um aumento geral de 16% no período. Essas informações estão no mais recente relatório da empresa de cibersegurança norte-americana Akamai, que revelou as tendências dos ataques e destacou a necessidade de proteção mais robusta contra o uso ilegal de conteúdo. Com base em um levantamento do Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP), a Akamai disse que em 2020 esse mercado clandestino custou R$287 bilhões ao Brasil.
Chamado de “The State of the Internet”, o relatório foi feito em colaboração com a MUSO, uma empresa de tecnologia que fornece soluções antipirataria e análises de mercado, e pesquisou as atividades de streaming e download relacionados a cinema, televisão, música, editorial e software. De acordo com o relatório, globalmente, 61,5% dos consumidores que visitaram websites de pirataria os acessaram diretamente e 28,6% pesquisaram ativamente por eles.
A demanda por pirataria foi medida por visitas a websites que oferecem acesso a filmes e programas de televisão, diretamente por meio de um navegador ou aplicação móvel, e downloads por torrent. Helder Ferrão, gerente de marketing da Akamai para a América Latina, disse que ainda não existe uma receita pronta para eliminar o acesso ilegal, pois os criminosos adaptam seus métodos à medida que os desenvolvedores criam os recursos de proteção. “O impacto da pirataria vai muito além de filmes e outros conteúdos roubados. Por causa da perda monetária, os que mais sofrem com a pirataria são aqueles que trabalham para criar os vídeos, filmes, livros e softwares que todos nós consumimos e desfrutamos”, avaliou.
No mundo, os principais setores pirateados foram as produções para a TV (64 bilhões de visitas), editorial (30 bilhões), cinema (14,5 bilhões), música (10,8 bilhões) e software, que inclui videogames e programas para PC (8,9 bilhões de visitas). Pela ordem e com os títulos originais, foram estas as dez séries mais pirateadas globalmente entre janeiro e setembro de 2021:
Loki
WandaVision
Rick and Morty
The Falcon and the Winter Soldier
The Walking Dead
Game of Thrones
The Flash
Vikings
True Beauty
Superman & Lois
Entre os filmes, os mais pirateados foram
Godzilla vs. Kong
Zack Snyder’s Justice League
Black Widow
F9
Mortal Kombat
The Suicide Squad
Cruella
Wonder Woman
Raya and the Last Dragon
Jungle Cruise
O papel da IA
Segundo Helder Ferrão, a inteligência artificial é uma das principais tecnologias na luta antipirataria e em cibersegurança de maneira geral. “As ferramentas de IA são utilizadas na automatização dos processos de atualização de regras de verificação e proteção contra os ataques e na defesa e correção instantânea de vulnerabilidades, a fim de evitar a propagação das ameaças pela rede”, explicou.
Ferrão disse que a Akamai usa IA na investigação de informações mais detalhadas sobre os ciberataques, o que permite manter a prontidão para gerenciar, equilibrar e diagnosticar o momento exato para complementar ou ajustar configurações dos produtos de segurança. Com isso, é possível elevar o nível de proteção contra as novas técnicas de ataque desenvolvidas pelos cibercriminosos.
“A IA tornou mais eficiente a atuação dos especialistas em cibersegurança, pois ajuda a otimizar a proteção corporativa e os sistemas e redes de computadores, inibindo a divulgação de informações e o roubo ou dano ao ambiente de negócios das empresas e dados eletrônicos. Vale lembrar que a IA também pode ser utilizada por criminosos virtuais, por isso é essencial a ajuda de especialistas para empregar as técnicas de cibersegurança mais recomendadas”, disse Ferrão.
O estudo The State of the Internet foi produzido com base nos dados coletados por uma equipe de engenheiros de programação e pesquisadores de segurança da Akamai Intelligent Edge Platform, que aplicaram um software de API (Application Programming Interface) para tornar possível a comunicação entre dois aplicativos. Dessa forma foi feita ao mesmo tempo a medição dos streamings não licenciados e do consumo de torrent, obtendo-se uma visão abrangente e imparcial da demanda de pirataria.
“A parceria com a MUSO foi de grande valia, pois a MUSO Discover, maior plataforma de vídeo sob demanda do mundo, coleta, com consentimento, dados diários de mais de 5,6 bilhões de downloads e possibilita a medição de informações de demanda de público não licenciado em todo o ecossistema de pirataria”, acrescentou Helder Ferrão.