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Big techs ignoram usuários e usam dados para alimentar IAs

A prática de coletar informações sem a devida notificação é mais um exemplo do desrespeito dessas empresas aos direitos dos usuários

27/08/2024

Big techs ignoram usuários e usam dados para alimentar IAs
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Por Antonio Gelfusa Junior*

O uso de Inteligência Artificial está se tornando cada vez mais comum, especialmente nas redes sociais, que vêm incorporando essa tecnologia para melhorar a experiência dos usuários. No entanto, há uma crescente preocupação com algumas práticas dessas plataformas ao desenvolverem seus próprios softwares de IA.

Recentemente, o X (anteriormente conhecido como Twitter) passou a utilizar dados de seus usuários, sem o consentimento explícito, para alimentar sua inteligência artificial Grok. Da mesma forma, o Meta tem se apropriado de dados públicos compartilhados por brasileiros, o que inclui fotos e vídeos que agora são insumos para suas IAs. Essas ações levantam sérias questões sobre a privacidade e o respeito às leis vigentes.

O Instituto de Defesa dos Consumidores (Idec) já tomou medidas contra essas big techs, que têm ignorado sistematicamente o Código de Defesa do Consumidor e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A prática de coletar informações sem a devida notificação é mais um exemplo do desrespeito dessas empresas aos direitos dos usuários, que muitas vezes desconhecem que suas informações estão sendo utilizadas de forma inadequada.

Embora o X ofereça a opção de desativar essa coleta de dados, a responsabilidade não deveria recair sobre o usuário. O ideal seria que a permissão para o uso de informações pessoais deveria ser solicitada previamente, e não imposta de forma automática, exigindo que o usuário tome medidas para proteger sua privacidade.

Na União Europeia, onde existe uma Lei Geral de Serviços Digitais, os usuários foram informados sobre as mudanças na política de privacidade, o que gerou uma reação das autoridades reguladoras. Recentemente, após um pedido da Comissão de Proteção de Dados (DPC, na sigla em inglês) da Irlanda, a empresa informou que adiaria o início dos treinamentos de IA com informações dos usuários europeus.

Embora a inteligência artificial seja capaz de combinar textos, imagens e outras informações de maneira que dificilmente reproduza uma imagem ou texto idêntico ao original, o risco de exposição indevida ainda existe. Por isso, é crucial que os usuários estejam atentos e preocupados com a forma como suas informações são utilizadas.

Vale lembrar que o X (Twitter) já esteve envolvido em outras polêmicas recentemente, como a falta de ação contra perfis falsos e a permissão para conteúdo adulto na plataforma. Esses episódios reforçam a necessidade de cautela quanto aos desdobramentos ainda desconhecidos da integração entre IA e redes sociais.

O mercado de redes sociais é extremamente competitivo, com o Meta, por exemplo, faturando U$ 40 bilhões em 2023. Apesar disso, as big techs parecem pouco preocupadas em criar um ambiente digital mais seguro e saudável para os usuários.

Por essa razão, a regulação das redes e plataformas sociais tem sido um tema cada vez mais relevante e discutido, e é essencial que avancemos nesse debate para garantir maior proteção e segurança para todos.

*Antonio Gelfusa Junior é publicitário e especialista em educação e redes sociais 

TAGS

#AI#dados#DPC#Grok#IA#Idec#inteligência artificial#Meta#privacidade#redes sociais

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