Por redação AIoT Brasil

No Brasil, a aplicação de ferramentas de inteligência artificial em maior escala ainda se concentra nas empresas de grande porte, enquanto os pequenos negócios carecem de recursos financeiros e de profissionais qualificados para investir nessa tecnologia. É isso o que revela a 16ª edição da Pesquisa TIC Empresas 2024, divulgada na semana passada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação/Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto (Cetic.br/NIC.br).

Elaborado com base em dados coletados entre março e novembro de 2024 em mais de 4,4 mil organizações com dez ou mais funcionários, o estudo revelou que apenas 11% das pequenas empresas brasileiras utilizam IA em seus negócios. Esse índice sobe para 29% nas empresas de médio porte e para 38% nas grandes companhias, que atingiram um nível de utilização semelhante ao registrado em países desenvolvidos.

Essas proporções avançaram pouco na comparação com o levantamento anterior, registrando-se aumento apenas entre as médias empresas, de 24% para 29%. De forma geral, quando são considerados os empreendimentos de todos os portes, 76% das empresas optaram por softwares ou sistemas prontos, sem o desenvolvimento de soluções próprias, e 56% contrataram fornecedores externos IA. Apenas 20% das empresas criaram sistemas internos de IA.

Leonardo Melo Lins, coordenador da pesquisa, disse que a situação em 2024 foi, basicamente, de estabilidade. “Apesar de estarmos discutindo a IA como uma grande transformação, incluir isso no dia a dia das empresas ainda requer a certeza de que a tecnologia seja de fato útil para os negócios. Diferentemente do uso da internet, amplamente acessível, contratar uma solução de IA exige conhecimento técnico e investimentos que fogem da realidade de boa parte dos pequenos negócios”, explicou, em entrevista à revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios.

Em relação às áreas de atuação das empresas, informação e comunicação são os principais usuários de IA, com adoção de 38%, e em seguida aparecem atividades profissionais como escritórios de advocacia, engenharia, arquitetura ou consultórios médicos, com 20%, e serviços e transportes, com 14%. Leonardo Lins disse que essas empresas estão mais próximas da IA por causa da alta carga de dados que geram.