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A revolução digital e financeira do NFT

A especialista Caroline Nunes, CEO da InspireIP, fala sobre esse mercado bilionário, o uso de inteligência artificial para a criação de NFTs inteligentes, o impacto de criptomoedas nos mercados emergentes e muito mais

27/01/2022

A revolução digital e financeira do NFT
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Por Daniel dos Santos, editor do AIoT Brasil 

Para se ter uma ideia de como NFT é algo que tem crescido em importância e popularidade nos últimos meses, basta checar a tradicional escolha da palavra do ano, que é feita pelo dicionário Collins. Em 2021, o termo, que significa non-fungible token (token não fungível, na tradução para o português), foi o vencedor, superando palavras como metaverso e criptomoeda, por exemplo. O uso do termo NFT cresceu nada menos que 11.000% no último ano. E de acordo com dados da empresa DappRadar, esse mercado movimentou mais de US$ 25 bilhões só no ano passado. 

Para falar sobre esse setor em expansão, o AIoT Brasil entrevistou a especialista Caroline Nunes, CEO da InspireIP, plataforma de propriedade intelectual criada para facilitar o registro de marcas, direitos autorais e patentes no Brasil usando a tecnologia Blockchain. Advogada especialista em propriedade intelectual, mestra em direito de entretenimento pela University of Southern California e doutoranda em Direitos autorais e Blockchain pela Brunel University of London, Caroline conhece muito bem o setor.

Na entrevista a seguir ela fala sobre o mercado bilionário de NFT, o uso de inteligência artificial para a criação de NFTs inteligentes,  o impacto que as criptomoedas podem ter em mercados emergentes, a compra de terrenos em mundos virtuais e muito mais.

AioT Brasil: NFT é o termo do momento, mas muitas pessoas ainda têm dificuldade para entender esse conceito. O que o NFT  significa na prática e qual é o impacto na vida das pessoas?

Caroline Nunes, fundadora e CEO da InspireIP: Os NFTs são uma revolução para o universo digital, trazendo escassez e exclusividade em itens digitais, e também trazem a possibilidade do recebimento de royalties no mercado secundário. Tudo isso aliado à segurança da tecnologia Blockchain. Dessa forma, agora é possível ter itens colecionáveis no ambiente virtual, assim como no mundo físico. Também é possível aliar a tecnologia a ativos reais, dando maior autenticidade a estes itens.

AioT Brasil: Qual a estimativa do volume financeiro que o mercado de NFT deve movimentar mundialmente em 2022? E no Brasil?

Caroline Nunes: O ano de 2021 foi um ótimo ano para os NFTs, e 2022 promete ser ainda maior por causa da onda do metaverso. Bancos e investidores esperam que os NFTs cheguem a um valor de mercado de até 80 bilhões neste ano. No Brasil, também se espera que o volume de vendas cresça substancialmente, uma vez que o país é um dos líderes de jogadores na categoria de jogos play-to-earn (jogar para ganhar), que também utilizam NFTs.

AioT Brasil: Recentemente A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 2303/15, do deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), que prevê a regulamentação, por órgão do governo federal, da prestação de serviços de ativos virtuais. O que ela estabelece e qual a sua importância?

Caroline Nunes: O PL2303/15 cria regramentos para o mercado cripto no Brasil, trazendo uma série de figuras, como um órgão fiscalizador, a ser apontado pelo poder executivo, diretrizes para o mercado, além de trazer uma definição mais clara para o termo “ativos virtuais”.

Apesar de eu acreditar na interferência mínima do Estado no mercado de criptoativos, pela própria natureza descentralizada do blockchain, acredito que o projeto de lei traz pontos importantes para conferir uma maior proteção à economia popular, trazendo também uma maior segurança para investidores que pretendem entrar no universo das criptomoedas.

AioT Brasil: Recentemente vocês realizaram o primeiro leilão de arte 100% nacional em NFT da televisão brasileira, com fotos do apresentador Silvio Santos. Como foi esse leilão e por quanto foram vendidas essas fotos?

Caroline Nunes: A ação com o SBT foi uma das iniciativas mais interessantes que tivemos. Em uma ação inédita, comemorando os 40 anos da emissora, lançamos 4 NFTs únicos de momentos marcantes do SBT. Os resultados do leilão superaram nossas expectativas. Os lances iniciais foram de R$ 40,00, e depois de 85 lances, arrecadamos um valor total de 2.640 MATIC (mais de R$ 30 mil na cotação atual).

AioT Brasil:  Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), há uma necessidade urgente de colaboração e cooperação transfronteiriça para abordar os desafios tecnológicos, legais, regulatórios e de supervisão relacionados às criptomoedas. A chamada criptoização é uma ameaça para as economias emergentes?

Caroline Nunes: O FMI encontra-se em uma posição delicada, tentando recomendar governos a não ingressarem no mundo de criptomoedas justamente por sua instabilidade e riscos envolvidos no setor, inclusive recentemente eles alertaram El Salvador a não adotarem mais o Bitcoin como moeda oficial. Acredito que criptomoedas como Bitcoin e Ethereum sendo usadas tanto como investimento quanto como moeda corrente de países emergentes podem trazer grandes crescimentos para a economia, embora as grandes flutuações sejam um perigo a se considerar.

O país então necessitaria de um conselho que entenda da economia de criptomoedas e da situação econômica do país. Mas sim, é algo que chegou para ficar e acredito que ao longo dos anos outros países emergentes podem adotar o mesmo método de El Salvador.

AioT Brasil: Como as criptomoedas podem afetar uma economia como a do Brasil? Temos o risco no país de substituição de moeda por meio de ativos criptográficos?

Caroline Nunes: O Brasil já deu passos largos para lançar sua própria CBDC, o real digital. É pouquíssimo provável (eu diria impossível) de ter uma criptomoeda substituindo nossa moeda corrente, já que o país está trabalhando no desenvolvimento de sua própria moeda digital.

AioT Brasil: Recentemente vocês anunciaram a compra de um terreno no metaverso de criptomoedas do The Sandbox por cerca de R$ 80.000. Veremos uma explosão de vendas de terrenos virtuais em breve, com a chegada ao Metaverso de gigantes como Facebook (agora Meta) e da Apple?

Caroline Nunes: Acredito que 2022 será o ano do metaverso, assim como 2021 foi o ano para os NFTs. O NFT é a pecinha que faltava ao metaverso, criando a possibilidade desses universos digitais terem uma economia própria, bem como permitindo que jogadores transacionem ativos virtuais. Tenho convicção que, em breve, a negociação de terrenos virtuais será mais acessível à população em geral.

AioT Brasil: Há alguns anos já tivemos experiências de metaverso com o Second Life, por exemplo, quando grandes empresas também investiram em “terrenos virtuais”. Depois a ideia caiu no esquecimento. Você acredita que desta vez o Metaverso veio para ficar? Por quê?

Caroline Nunes: Metaverso não é algo novo, mas o tema voltou à tona por causa da explosão dos NFTs e criptomoedas, viabilizando uma economia funcional no metaverso. 

AioT Brasil:  Já se fala em um metaverso com NFTs inteligentes (iNFTs), que terão suas próprias personalidades e serão capazes de interagir uns com os outros em um mundo computadorizado e alimentado pela inteligência artificial. Como você avalia as possibilidades de uso da IA aliada a NFTs e ao metaverso?

Caroline Nunes: Nós já começamos a ver o início da contribuição de IAs com NFTs, principalmente no quesito de artes geradas através dessas inteligências artificiais. No futuro, acredito também que NFTs inteligentes poderão se adaptar a blockchains diferentes, facilitando a interoperabilidade.  Ao inserir essa IA no metaverso, podemos imaginar a criação de um NPC (personagem não jogável) que registre as conversas que ele teve com os usuários, talvez modificando a sua maneira de agir, pensar e responder a outros jogadores que posteriormente passem pelo seu caminho.

Isso revolucionaria o mundo dos jogos, ao pensar que em um mundo virtual existe uma inteligência artificial sempre ativa e aprendendo novas línguas, registros por onde passou e com quem conversou.

AioT Brasil: Falando um pouco mais sobre sua empresa, quando foi criada a InspireIP?

Caroline Nunes: A inspireIP foi criada no começo de 2020, para solucionar problemas de registros de propriedade intelectual utilizando tecnologia blockchain. No meio de 2021, inauguramos nossa plataforma de NFT, com foco em propriedade intelectual. 

AioT Brasil: Ela já é um negócio que dá lucro? Caso não seja, para quando vocês esperam o break even?

Caroline Nunes: Estamos em fase de tração, construindo novas funcionalidades tecnológicas. Acabamos de captar uma rodada de investimento, e pretendemos abrir uma nova rodada de investimento no final de 2022. Mas estamos bem próximos do Break Even, que deve ocorrer até o meio de 2022. 

AioT Brasil: Quais são os principais serviços oferecidos pela empresa?

Caroline Nunes: Registro de Propriedade intelectual utilizando tecnologia blockchain e a criação, comercialização e auxílio em campanhas utilizando NFTs e metaverso, focando principalmente em empresas que querem entrar nesse ramo.

AioT Brasil: Quais as expectativas com a empresa para 2022?

Caroline Nunes: Queremos expandir a nossa atuação para o mercado internacional, bem como auxiliar ainda mais empresas a adentrar no universo descentralizado.

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