Por Janaína F. Marchesi* 

Os debates contínuos — e importantes — sobre a inteligência artificial na educação sempre levantam questões sobre o uso da tecnologia pelos estudantes e como isso impacta seu desenvolvimento. Contudo, ainda é pouco discutido como a IA pode ajudar os professores a aprimorarem suas rotinas e terem mais recursos para lecionar.

Em um mundo onde o acesso à informação é abundante, mas o tempo dos educadores é limitado, a IA surge como uma ferramenta poderosa para atender às necessidades individuais dos alunos e inovar o aprendizado. Por isso, o mercado tem cada vez mais soluções com funcionalidades pensadas para esse contexto.

As possibilidades são muitas. IAs podem automatizar tarefas como correções de provas e gestão de notas, o que garante mais tempo para o professor se concentrar em outros aspectos do trabalho. O planejamento curricular também pode ser melhorado com ajuda da tecnologia, inclusive na criação de planos de aula personalizados.

Na verdade, a personalização é uma oportunidade incrível, porque sistemas adaptativos permitem que o conteúdo educacional seja moldado às habilidades e ao ritmo de cada estudante, talvez até mesmo em tempo real. Na prática, isso significa que o histórico e o engajamento da turma são analisados e, então, opções de estratégias de ensino são fornecidas ao professor.

Existe, ainda, um grande potencial para que IAs sejam usadas como assistentes de ensino que complementam o currículo, ou que forneçam mais acessibilidade para os alunos. Até mesmo a colaboração entre professores pode ser aprimorada, com dados de várias aulas sendo computados para gerar uma análise dos resultados das diferentes turmas.

Apesar de muitas dessas ideias parecerem distantes da realidade, a verdade é que já existem ferramentas que cumprem com esses objetivos e têm ganhado destaque ao redor do mundo recentemente. Veja alguns exemplos:

Turitin: oferece avaliação otimizada de provas, mesmo que sejam em papel, e analisa o conteúdo para indicar se houve uso de IA na elaboração ou se há indícios de plágio. Também é uma plataforma que permite a realização direta de tarefas, agiliza a correção e acompanha a evolução da aprendizagem de cada aluno em tempo real.

Civitas Learning: programa de análise de dados que fornece dashboards e relatórios automatizados para diversos aspectos educacionais, como escalas de sucesso do estudante, progresso da turma durante o curso, dados demográficos e mais.

Luna: assistente virtual desenvolvida pela Faculdade Sirius para auxiliar tanto na jornada de aprendizagem dos alunos quanto em seu desenvolvimento profissional. Fornece insights e orientações sobre estudos e carreira.

DreamBox Learning: fornece programas personalizados de leitura e de matemática que identificam onde cada aluno está em sua jornada, quais lições são ideais e quais motivações são necessárias; a IA permite que isso ocorra de forma escalável.

Blackboard Learn: professores podem contar com esta ferramenta para simplificar a criação de cursos inteiros, desde a estrutura e design de apresentações até a geração de testes e critérios de avaliação.

De modo geral, a principal tendência que dá para observar dessas IAs é o modo como o modelo tradicional se transforma em um sistema que responde dinamicamente ao progresso de cada aluno. Todos têm a ganhar com esses avanços. Não apenas é uma melhoria incremental, como também é uma redefinição do ensino, o que abre novos caminhos para o futuro da educação.

*Janaina F. Marchesi é professora de Prescriptive Analytics na Faculdade Sirius