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01/11/202414/11/2023
Por Marcelo Morales, de Lisboa
A abertura do Web Summit 2023, no Altice Arena, em Lisboa, ontem, despertava alguma curiosidade. Como a organização do evento reagiria ao inferno astral que começou com um post no X de Paddy Cosgrove, um dos fundadores e CEO do evento? Lembrando que depois disso, Israel, as big techs e mais um punhado de empresas importantes do segmento de tecnologia decidiram desistir de suas participações. Como se não bastasse, Antonio Costa caiu do posto de primeiro-ministro de Portugal, ele que se colocou sempre como um dos incentivadores do ingresso do país no circuito da inovação e tecnologia.
A resposta veio a meia voz. Primeiro, houve uma longa reprise de uma fala apaixonada de Al Gore em defesa de mudanças em prol da emergência climática, na edição de 2017 do evento, na segunda vez que aconteceu em Lisboa. A ameaça climática continua, mas de lá para cá, houve uma pandemia e duas guerras que mobilizam o mundo e ameaçam a paz mundial, coisa que nenhuma bola de cristal poderia então prever.
O segundo ato foi um painel de startups, com cara de pitch. Em busca de negócios, ou comemorando aportes, jovens CEOs discorreram sobre suas iniciativas, uma mistura de plataformas de pagamento digitais e apps bem intencionados, voltados para reduzir a diferença de gênero no tratamento médico ou para reduzir as barreiras à amamentação. Mas, e a resposta institucional?
Ela veio com Katherine Maher, a nova CEO do Web Summit, que fez um breve discurso em favor da liberdade de expressão, uma alusão tímida à reação das big techs à postagem de Cosgrove e, aí sim, tentou reafirmar o evento como um espaço de diálogo, divulgação e muita troca de ideias. Em um momento de puro coach mood convidou os presentes a cumprimentarem e se apresentarem às pessoas ao lado, o que gerou enorme burburinho entre as quase 20.000 pessoas presentes.
Em seguida, uma breve mesa reuniu Vasco Pedro, fundador e CEO da Unbabel, uma plataforma voltada para a derrubada de barreiras de linguagem e Cristina Fonseca, da Indico Capital Partners, uma estrela no mundo tech português. O assunto principal foi financiamento, tema obrigatório para start-ups.
O grande momento do dia veio então com Jimmy Wales, um dos fundadores da Wikipédia, e nome respeitadíssimo na internet, com suas ações e falas em prol de conceitos como colaborativismo e open source. Para ele, a IA generativa ainda vai levar de 20 a 30 anos para ganhar eficácia e por isso não representa uma ameaça ao projeto da Wikipedia. Segundo ele, também não ameaça o papel do ser humano no processo produtivo. Ganhou aplausos.
Carlos Moedas, prefeito de Lisboa, disse o que se esperava: festejou a presença de tanta gente no evento e tentou posicionar a cidade como um polo tecnológico que ambiciona ocupar um papel ainda mais importante, com diversas iniciativas de incentivo às start-ups. Traduzindo, Lisboa quer criar seus unicórnios à beira do Tejo.
Para fechar o dia, o ministro da Economia e do Mar António Costa Silva (que entrou no lugar do outro Antonio Costa, o ex-primeiro-ministro recém caído) destacou que tecnologia e inteligência artificial, podem favorecer um futuro mais sustentável, e alertou sobre os perigos da emergência climática. Portugal, disse ele, está fazendo sua lição de casa: a energia renovável já responde por 60% da produção elétrica no país.
#big techs#boicote#Israel#Lisboa#Portugal#Web Summit 2023#Wikipedia
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