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24/07/202415/03/2024
Por redação AIoT Brasil
A Psyche Aerospace, startup aeroespacial com sede em São José dos Campos, interior de São Paulo, realizou o primeiro voo oficial do seu drone de pulverização agrícola. O feito é resultado de seis meses de projeto, desenvolvimento, manufatura e testes do Harpia P-71, o protótipo da empresa.
De acordo com Victor Galvão, mestre em engenharia e responsável pela tecnologia e engenharia do projeto, o desenvolvimento do P-71 representou um enorme desafio pela estrutura e robustez do eVTO (sigla em inglês para Veículo Elétrico de Decolagem e Aterrisagem Vertical).
“Tanto pelo peso, energia, controle e estrutura, fomos instigados a fazer algo novo e desafiador. Hoje não existe referências para drones grandes. Tudo o que fizemos foi inédito, com todas as variáveis que o projeto de um eVTOL exige, mas com a complexidade e as dimensões muito maiores que os modelos convencionais”, afirma.
Confira o voo abaixo:
Gabriel de Paula foi o piloto responsável pelo primeiro voo oficial e compartilha o desafio do ineditismo. “Não tínhamos nenhuma referência nesse tamanho e com comandos tão sensíveis, o que foi uma responsabilidade tanto pela segurança estrutural do drone, quanto das pessoas envolvidas no projeto”, conta. “Voar o P-71 representou um grande desafio que exigiu muito foco e atenção. Poder levantar e estabilizar o maior drone agrícola do mundo me deu uma satisfação pessoal muito grande”, conclui.
O voo do Harpia P-71 da Psyche Aerospace inaugura uma nova página na história da startup que ainda irá completar seu primeiro ano de operações na planta fabril. “Após o primeiro voo, continuaremos os testes até estruturar o voo autônomo com inteligência artificial, respeitando os limites do eVTOL e toda a segurança necessária”, comenta o piloto.
Esta é a sexta versão de um protótipo desenvolvido em poucos meses na startup, que já foi incubada num dos maiores hubs aeroespaciais do mundo, o Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos, e hoje conta com uma fábrica de 2 mil metros quadrados na zona sul da mesma cidade.
“Ao longo do tempo, nós corrigimos todas as questões que impactavam o modelo em teste. Com isso, usamos a perícia e o conhecimento em material composto para desenvolver um protótipo cada vez mais leve, o que gera mudanças no projeto de fabricação e no próprio projeto em si”, afirma Renato Mendes, diretor de manufatura da startup.
Mendes conta que o processo de validação da ideia passou ainda por voos em estrutura. “Antes ainda do drone, voamos uma gaiola que foi essencial para testar e aprovar os componentes. Hoje temos toda a estrutura que funciona numa fuselagem ao mesmo tempo leve e resistente”.
Consultor de projetos da startup, Lauro Aburaya afirma que o projeto ainda deverá passar por novos aprimoramentos no que diz respeito à estrutura da manufatura. “Ainda há outros métodos de material composto que podem ser experimentados para dar mais leveza, resistência, rapidez ao Harpia P-71”, comenta. Os métodos que Aburaya comenta serão testados ainda na fase de prototipagem, antes do início da manufatura em série.
A forma como o projeto Psyche foi desenvolvido, desde o início até o voo com sucesso representa um ciclo de aprendizados, na visão do diretor de processos e cofundador da empresa, João Barbosa. “Nenhum insucesso foi em vão, nós evoluímos muito. Toda vez que você topa com a parede, você só tem uma alternativa que é atravessar. Em vez de buscar o perfeito, nós buscamos o real e isso fez com que tivéssemos alguns insucessos no caminho, mas foi por causa deles que aprendemos, aceleramos e otimizamos os processos com segurança e uso das tecnologias”, conta. “Nós tínhamos uma missão que era levantar e pulverizar um drone de cento e sessenta quilos e conseguimos”, completa.
As dimensões e a robustez do Harpia P-71 têm uma justificativa importante, segundo Barbosa. “Para atender o Brasil, nós precisamos ter o maior, esse é o ponto de partida. O objetivo não é ser o maior do mundo, é ser o maior para atender a área produtiva do Brasil. Os brasileiros esquecem o tamanho da terra produtiva que temos e como o agro brasileiro sustenta o Brasil e o mundo”, diz.
“A responsabilidade de quando você faz algo grande é maior do que o próprio projeto. O cuidado que nós temos para não danificar nenhum equipamento ou causar acidentes é muito grande. Nós prezamos por todos aqueles que estão em terra e por tudo aquilo que vamos colocar no ar. Não é trivial um objeto que terá mais de quinhentos quilos no ar. Nosso objetivo é voar cada vez melhor e com mais capacidade, mas para isso não podemos pular etapas”.
Se até então o foco da Psyche era provar que a ideia de construir um drone e colocá-lo no ar era plausível, o que animou investidores, potenciais investidores e os proprietários dos mais de quinhentos mil hectares com cartas de intenção já assinadas e outros dois milhões em negociação, a missão agora é outra: operar um drone que pulveriza cada vez mais com segurança e inteligência.
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