Por redação AIoT Brasil

“Sou Fedha, a primeira apresentadora do Kuwait que trabalha com inteligência artificial no Kuwait News. Que tipo de notícia você prefere? Ouvimos suas opiniões”: foi com essa declaração que um avatar criado por um dos mais tradicionais jornais do Golfo Pérsico apareceu pela primeira vez em público. E bastou isso para provocar várias reações nas redes sociais, entre as quais as de alguns profissionais que admitiram o risco de eliminação de empregos (alguém ainda duvida disso?).

Com uma blusa branca e um casaco preto, Fedha foi apresentada na conta no Twitter do site do Kuwait Times, no âmbito de um projeto ainda em fase de testes, cujo suposto objetivo é a criação de uma IA capaz de conduzir um noticiário. O portal é afiliado ao primeiro jornal em língua inglesa do Golfo, fundado em 1961, que está propondo “um conteúdo inovador”, de acordo com o editor-chefe Abdullah Boftain. Ele disse que a apresentadora virtual poderá, no futuro, adotar o sotaque kuwaitiano e atuar na conta do Twitter do Kuwait Times, que tem mais de 1,2 milhão de seguidores.

Segundo Boftain, Fedha é um nome popular e antigo do Kuwait que se refere à prata: “Sempre imaginamos que os robôs são prateados e metálicos, então combinamos os dois”, disse o jornalista, acrescentando que o cabelo louro e os olhos claros da apresentadora refletem a população diversificada de kuwaitianos e expatriados que vivem no país rico em petróleo. “Fedha representa todas essas pessoas”, completou Boftain.

A notícia, naturalmente, logo repercutiu mundo afora e foi tema de matérias em veículos influentes, como The Guardian e a BBC News, ambos britânicos. A BBC lembrou que, apesar da repercussão, o Kuwait não é o primeiro país a lançar um apresentador de TV gerado por IA, já que em 2018, a agência de notícias estatal da China lançou seu próprio leitor virtual de notícias, com “voz um tanto robótica”.

O site britânico também citou um relatório divulgado em março pelo banco de investimentos Goldman Sachs, segundo o qual a IA poderia substituir o equivalente a 300 milhões de empregos em tempo integral e ocupar-se de mais de um quarto das tarefas de trabalho nos Estados Unidos e na Europa. Porém, ao mesmo tempo, a tecnologia pode responder por novos empregos e por um boom de produtividade.

Por sua vez, o Guardian destacou que em 2022 o Kuwait ficou em 158º lugar entre 180 países e territórios no Índice de Liberdade de Imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras.