Policiais conectados: integração para manter as pessoas mais seguras
A tecnologia permite monitoramento a distância da ação - via câmeras espalhadas pelas cidades e mesmo no uniforme dos policias - e a ação policial consegue ser bem mais ágil e efetiva
25/08/2023Por Gustavo Ancheschi
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Por Gustavo Ancheschi*
Muita coisa evoluiu desde os tempos em que os policiais faziam suas rondas a pé e o sucesso de uma operação de emergência, de certa forma, dependia da sorte de contar com uma equipe próxima ao fato que pudesse entrar em ação. Hoje em dia, a tecnologia permite monitoramento a distância – via câmeras espalhadas pelas cidades – e a ação policial consegue ser bem mais ágil e efetiva.
Graças à alta conectividade e aos recursos de vídeo e comunicação, os agentes de segurança contam com ferramentas valiosas para enfrentar a criminalidade e o vandalismo que crescem principalmente nas grandes cidades, acompanhando o aumento populacional. Segundo os dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de mortes violentas no Brasil, apesar de uma queda de 2,4%, ainda chega perto dos 50 mil casos por ano.
Em outro número, foram roubados ou furtados quase um milhão de celulares no ano passado – crime que, além do aparelho, pode acarretar invasões de contas bancárias, vazamento de dados e outros danos ao cidadão.
As agências de segurança já conhecem o impacto transformador de conectar policiais e investem cada vez mais para modernizar suas comunicações por operações mais eficazes e seguras com Inteligência Artificial e análise avançada de dados.
Destaco abaixo como a integração de um ecossistema de tecnologias é capaz de apoiar o policial em seus trabalhos para proteger a população e entregar sensação de maior tranquilidade e segurança que tanto buscamos em nosso dia a dia.
• A evolução do policiamento: o policiamento percorreu um longo caminho desde os tempos em que os agentes patrulhavam os bairros a pé. Hoje, vemos uma mistura dinâmica nas operações, que combina práticas tradicionais de policiamento e tecnologia avançada em ação. Essa progressão reflete a necessidade emergente de tecnologias de vídeo – como as bodycams – de colaboração e de análise inteligente de informações para apoiar a agilidade dos atendimentos e a segurança das pessoas.
• O poder da conectividade: o conceito prático de policiais conectados compreende a tecnologia como um facilitador, em vez de um substituto para o julgamento humano e a tomada de decisões. Ao equipar os oficiais com dispositivos de comunicação de ponta e plataformas de compartilhamento de dados, esses agentes se tornam parte de um ecossistema interconectado que os capacita a responder de forma rápida, inteligente e colaborativa.
• Informações em tempo real: houve um tempo em que era necessário aguardar dias para que as informações chegassem à central de comando. Uma comunicação eficiente permite que os policiais tenham acesso instantâneo a dados críticos, como descrições de suspeitos, informações de veículos e antecedentes criminais. Munidos com esse conhecimento, eles podem tomar decisões informadas no local da ocorrência, economizando tempo e recursos preciosos.
• Análise preditiva: hoje é possível transformar o policial em campo em uma parte de todo o ecossistema de inteligência. Por meio de recursos de software e análises inteligentes, as autoridades hoje conseguem identificar localidades nas quais há mais incidências de ocorrências e posicionar os policiais mais próximos de onde há tendência de novas situações de risco.
• Consciência Situacional Aprimorada: os policiais conectados operam como uma unidade coesa, compartilhando continuamente atualizações ao vivo, dados de localização e conteúdo multimídia. Essa consciência compartilhada cria um efeito multiplicador de força, permitindo que os oficiais criem estratégias de forma eficaz, coordenem esforços e respondam proativamente às situações conforme elas se desenvolvem. Ao mesmo tempo, mantem o Centro de Comando atualizado com o que está acontecendo com seus agentes em campo, que se tornam os “olhos e ouvidos” dos gestores do que está acontecendo na rua.
• Fortalecimento do senso comunitário: a tecnologia promove conexões significativas entre a as forças policiais e as comunidades que atendem. As plataformas de mídias sociais e os aplicativos com canais disponíveis para interação do público permitem que os policiais alcancem, comuniquem e colaborem com os cidadãos, promovendo a confiança e um senso compartilhado de responsabilidade pela segurança pública.
• Mais segurança nos momentos que mais importam: em situações de alto risco, decisões que precisam ser tomadas em frações de segundo podem salvar vidas. Com acesso aos dados em tempo real, análises avançadas e dispositivos conectados, como bodycams, os policiais obtêm informações valiosas sobre possíveis ameaças, permitindo que façam escolhas informadas e protejam melhor a si mesmos e aos outros.
• Desafios e Soluções: A implementação de uma força policial conectada requer a superação de desafios relacionados à privacidade de dados, cibersegurança e treinamento dos profissionais. A jornada tecnológica para as frentes de segurança pública requer medidas de segurança robustas, interfaces amigáveis e programas de treinamento abrangentes e personalizados para atender às necessidades exclusivas de cada agência.
O conceito de policiais conectados já é uma realidade ao nosso alcance, mas podemos ir ainda mais longe. A tecnologia pode capacitar as agências de segurança pública a construírem comunidades resilientes e conectadas. Combinados, os mais recentes avanços em comunicação, análise de dados e IA transformam cada policial em uma peça fundamental de um ecossistema completo de inteligência, no qual todos estão conectados e compartilham informações cruciais para aumentar o sucesso das operações, incluindo alertas, coordenadas e orientações em tempo real via recursos de voz, texto, vídeo e imagens.
O futuro do policiamento está na unidade — ou seja, na integração entre policiais, cidadãos e tecnologia, a fim de criar ambientes mais seguros a todos. À medida que avançamos, lembremo-nos de que a força da conexão reside não apenas na tecnologia, mas na colaboração e no propósito compartilhado.
*Gustavo Ancheschi é presidente da Motorola Solutions no Brasil