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14/11/202413/11/2024
*Foto: Hovhannes Avoyan, Anastasis Germanidis e a mediadora Lizzie O’Leary
Por Ricardo Marques da Silva, de Lisboa, Portugal
A espantosa capacidade de manipulação de imagens da IA generativa para uso por empresas e na criação artística foi o tema de um concorrido painel que reuniu nesta quarta-feira, no Web Summit Lisboa, Hovhannes Avoyan e Anastasis Germanidis, respectivamente, cofundador e CEO da Picsart e cofundador e CTO da Runway, com mediação de Lizzie O’Leary, apresentadora do podcast semanal What Next na revista online Slate. Eles avaliaram se é verdade que essas ferramentas, cada vez mais poderosas e acessíveis, permitem realmente que, na “geração IA”, todos se tornem criadores.
Lizzie lembrou o filme Aqui, recém-lançado nos Estados Unidos, em que Tom Hanks foi rejuvenescido com IA generativa, para lançar a questão do efeito da tecnologia na criatividade. Germanidis disse que, ao olhar mais amplamente como as coisas têm acontecido, ele se lembra de outro filme, Megalópolis, de Francis Ford Coppola, que é essencialmente “pessoal e sincero” e custou US$ 120 milhões: “Mas, idealmente, logo estaremos em um mundo em que você poderá fazer um filme como esse com um custo muito menor, conforme esses modelos generativos melhorarem e capacitarem mais e mais pessoas a contar essas histórias”, disse.
Avoyan, que se definiu como “doutor em novas tecnologias”, acrescentou: “Quando começo a usar ferramentas como o ChatGPT vem aquela sensação de superpoder, sinto que me tornei muito mais produtivo em minhas tarefas diárias, com melhor escrita e melhor conteúdo. E começo a codificar novamente depois de dez anos sem codificação. Fica muito mais fácil me comunicar com a equipe, como se tivesse um exército que me ajuda a ser produtivo. É um sentimento de poder que você pode dar a uma pessoa comum para fazer mais coisas em menos tempo. Acho que isso é incrível”.
Em relação à forma de negociar o uso das novas tecnologias, Germanidis revelou que o primeiro componente é trabalhar muito de perto com os clientes, para entender como seus modelos de IA e suas ferramentas podem se encaixar no fluxo de trabalho deles. “E o outro componente é treinar modelos personalizados. É uma parceria de dados, muito criativa. Vimos nossas ferramentas sendo usadas em muitas etapas diferentes do fluxo de trabalho, na pré e na pós-produção, sempre pensando na maneira de ajudá-los a se mover mais depressa, para criar em dias efeitos que tradicionalmente levariam meses”, explicou.
Avoyan, por sua vez, citou a parceria que a Picsart fechou recentemente com a Getty Images: “Nós tentamos ser justos com as pessoas e queremos treinar nossos modelos com dados limpos, devidamente autorizados, o que é muito difícil porque, você sabe, não há muitos dados limpos disponíveis. Então é por isso que a parceria com a Getty foi tão fundamental para nós. Estamos construindo, criando o modelo com eles, para que tenhamos modelos limpos. E acho que isso ainda é um trabalho em andamento”.
Segundo Avoyan, a IA “democratiza a criatividade”, na medida em que faz mais pessoas e empresas serem criativas: “Então, basicamente, o que é preciso é diminuir as barreiras para construir esse negócio fantástico. Eu adoraria ver isso no ano que vem, muito mais impacto macroeconômico dessas pequenas empresas na economia devido à IA. Quero que haja mais empresas usando IA para torná-las empresas maiores, quero ver mais histórias de sucesso, mais aplicações incríveis aqui”.
Germanidis completou: “A IA é um processo orientado para a descoberta, em que você não sabe muito bem se o modelo que está construindo será melhor do que o anterior, mas as capacidades emergentes e as coisas que você pode criar a partir dele não são totalmente claras antes do tempo. E essa é a mágica, mas também a incerteza de construir essas ferramentas. É muito difícil prever os tipos de obras de arte, de novos gêneros e de novas formas de mídia que serão subcriadas por esses modelos, mas é bem claro que a natureza do que você está criando é muito diferente e imprevisível”.
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