Por Valter Wolf*

A Indústria 4.0 é mais do que uma simples evolução tecnológica, é uma revolução que está transformando a maneira que as empresas operam e competem. Em seu cerne, está a capacidade de integrar tecnologias digitais avançadas para otimizar processos industriais, impulsionar a eficiência e melhorar a tomada de decisões. Quando se trata de desbloquear todo o potencial da Indústria 4.0, a Inteligência Artificial emerge como uma força motriz crucial.

Uma das maneiras mais impactantes pelas quais a IA está revolucionando a Indústria 4.0 é através da análise de dados das plantas industriais. Me chamou a atenção o relatório “Indústria 2023”, da Distrito, que examinou 462 startups do segmento, destacando que 38% delas estão focadas no desenvolvimento de soluções para o que eles denominam de “Inteligência Industrial”. Mais impressionante é o fato que essas startups receberam cerca de 49% dos investimentos realizados nos últimos anos, revelando uma clara tendência para o futuro. O relatório também aponta que a concentração de startups nesse campo é impulsionada pela alta demanda por soluções de inteligência e monitoramento na indústria. Com o crescimento da automação e robotização no setor, as ferramentas de análise de dados estão ganhando maior relevância e operando em uma escala cada vez maior.

Os dados provenientes das plantas industriais são uma fonte rica de informações que podem ser utilizadas para otimizar processos, prever falhas e melhorar a qualidade do produto. A IA permite que as empresas extraiam o máximo valor desses dados, fornecendo análises preditivas e prescritivas que ajudam a antecipar problemas e implementar soluções proativamente. Isso não apenas reduz o tempo de inatividade e os custos de manutenção, mas também melhora significativamente a eficiência operacional. Outro relatório, o Atlas Intel, examinou 200 empresas e estimou o custo médio por hora de inatividade em R$ 100 mil. Esses números destacam vividamente a importância de utilizar a IA para maximizar a eficiência operacional e minimizar os custos associados à interrupção das operações industriais, reduzindo assim o tempo de parada.

Além disso, a IA capacita as empresas a implementar sistemas de produção mais flexíveis e adaptáveis. Com algoritmos de aprendizado, as próprias máquinas podem se autoajustar e otimizar suas operações em tempo real. Isso significa que as empresas podem alcançar níveis mais altos de eficiência e produtividade, mesmo em ambientes altamente dinâmicos e complexos. Segundo uma analise da Deloitte “Predictive Maintenance”, em média, a manutenção preditiva aumenta a produtividade em 25%, reduz as avarias em 70% e reduz os custos de manutenção em 25%. Os resultados são promissores.

Está claro que a Inteligência Artificial está desempenhando um papel fundamental na transformação da Indústria 4.0. Ao aproveitar os dados das plantas industriais de maneira inteligente, as empresas podem impulsionar a eficiência, melhorar a qualidade do produto e oferecer experiências excepcionais aos clientes. Aqueles que abraçam essa revolução tecnológica estão posicionados para prosperar em um mundo cada vez mais digital e competitivo.

* Valter Wolf é presidente ABRIA (Associação Brasileira de Inteligência Artificial)