Por Ricardo Marques da Silva

Em mais um capítulo da polêmica que envolve o avanço da tecnologia como causa da extinção de empregos, o aplicativo de aprendizagem de idiomas Duolingo, que tem sede em Pittsburg, nos Estados Unidos, anunciou o corte de 10% de seus funcionários terceirizados, substituídos, em parte, por ferramentas baseadas em inteligência artificial.

A startup afirmou que por enquanto nenhum emprego efetivo foi afetado, mas, em entrevistas anteriores, o CEO da empresa, Luis von Ahn, já havia dito que a IA tem potencial de tornar os computadores melhores do que os humanos em algumas tarefas na área da educação.

“Não precisamos mais de tantos prestadores de serviços porque podemos atribuir parte de suas funções à IA”, disse um porta-voz do Duolingo, de acordo com matéria publicada pela Bloomberg Línea. Em novembro, em um comunicado enviado aos investidores, Luis von Ahn também havia afirmado: “A IA generativa está acelerando nosso trabalho, ajudando-nos a criar novos conteúdos de forma muito mais rápida”.

Segundo o Duolingo, a plataforma tem 24,2 milhões de usuários ativos diariamente e 5,8 milhões de assinantes pagos nos mais de 100 cursos que oferece. A empresa tem se destacado pela crescente incorporação de IA para a criação de um novo nível de assinatura denominado Duolingo Max. A Bloomberg lembrou que a startup aplica o modelo de linguagem GPT-4 da OpenAI para adicionar recursos alimentados por IA que incluem conversas completas com um chatbot para praticar habilidades e saber por que determinada resposta do usuário está certa ou errada.

Depois das demissões das equipes terceirizadas, o Duolingo disse que a IA será cada vez mais usada para realizar tarefas como criar frases para cursos, produzir listas de traduções aceitáveis e revisar relatórios de erros dos usuários, a fim de corrigi-los mais rapidamente. A startup informou ainda que “tentou encontrar funções alternativas para todos os que foram demitidos antes de recorrer ao off-boarding como última opção”.

À CNN, um representante do Duolingo explicou: “Não estamos trocando a experiência de especialistas humanos pela IA. A IA é uma ferramenta que usamos para aumentar a produtividade e a eficiência, para adicionar novos conteúdos e melhorar nossos cursos com mais rapidez, para que possamos continuar a ensinar com níveis mais elevados de proficiência”.