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IA representará um dos mais graves riscos globais em 2024

Relatório do Fórum Econômico Mundial alerta para a ameaça das informações falsas em um período com eleições críticas no mundo

15/01/2024

IA representará um dos mais graves riscos globais em 2024
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Por Ricardo Marques da Silva

Primeiro, as condições climáticas extremas e, logo depois, a disseminação de informações falsas com o uso de ferramentas de inteligência artificial: essas são as principais ameaças à estabilidade global neste e no próximo ano, de acordo com o Relatório de Riscos Globais elaborado pelo Fórum Econômico Mundial.

Recém-divulgado, o documento afirma que o mundo vive uma nova era de incertezas, com conflitos regionais preocupantes no Oriente Médio, no leste da Europa e na África, no período que antecede eleições importantes nos Estados Unidos, Índia, México, Reino Unido, Bangladesh e Paquistão, entre outros países.

Seguindo-se ao clima e à IA, o estudo também citou a preocupação com as ameaças relacionadas à persistência da crise do custo de vida, ao déficit de oferta de energia e alimentos, à polarização social e aos conflitos armados. Porém, no curto prazo, o Fórum destacou, especialmente, o potencial de estragos da IA e do que chamou de “tecnologias de fronteira”, ou aceleração tecnológica.

“Emergindo como o risco global mais grave, os intervenientes aproveitarão a desinformação para ampliar ainda mais as divisões sociais e políticas. Dado que se espera que perto de 3 bilhões de eleitores compareçam às urnas nos próximos dois anos, o uso generalizado de informações erradas e desinformação e as ferramentas para a sua divulgação podem minar a legitimidade dos governos recém-eleitos. A agitação resultante poderá variar de protestos violentos e crimes de ódio até confrontos civis e terrorismo”, alertaram os analistas do Fórum.

O relatório prossegue: “À medida que a verdade for minada, o risco de propaganda e censura doméstica também aumentará. Em resposta, os governos deveriam ser cada vez mais capacitados para controlar a informação com base no que consideram ser ‘verdadeiro’. As liberdades relacionadas com a internet, a imprensa e o acesso a fontes mais amplas de informação, que já estão em declínio, correm o risco de resultar numa repressão mais ampla dos fluxos de informação num conjunto mais vasto de países”.

De acordo com o Fórum, a convergência dos avanços tecnológicos e da dinâmica geopolítica poderá dar origem a um novo conjunto de vencedores e perdedores, tanto nas economias avançadas como nas que estão em desenvolvimento. Além disso, o fosso digital entre os países de rendimento alto e baixo conduzirá a uma disparidade acentuada: “Os países e comunidades vulneráveis ficariam ainda mais para trás, isolados digitalmente dos avanços turboalimentados da IA que têm impacto na produtividade econômica, nas finanças, no clima, na educação e nos cuidados de saúde, bem como na criação de empregos relacionados”, acrescentou o relatório.

Segundo o estudo, populações vulneráveis enfrentam conflitos letais, do Sudão a Gaza e Israel, que se somam a condições de calor recorde, secas, incêndios florestais e inundações. O Fórum também apontou o descontentamento social palpável em muitos países, com os ciclos de informações dominados pela polarização, protestos violentos, motins e greves. “À medida que entramos em 2024, há uma perspectiva predominantemente negativa para o mundo nos próximos dois anos, que deverá piorar na próxima década”, acrescentou o relatório.

Para a elaboração do documento foram ouvidos 1.400 líderes empresariais em 113 países, e seu conteúdo deverá ser discutido no Fórum Econômico Mundial, evento que começa nesta segunda-feira, 15, em Davos, na Suíça, e se prolongará até o dia 19, com a expectativa de que reúna mais de 60 chefes de Estado e de governo.

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