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05/11/202408/08/2024
Por Ricardo Marques da Silva
Entre 26% e 38% do total de empregos na região da América Latina e do Caribe podem estar expostos à IA generativa e de 2% a 5% correm o risco de substituição por processos automatizados. Esse cenário foi descrito em um estudo recente feito por meio de uma parceria entre a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Banco Mundial, que alertou os governos para a necessidade de políticas públicas capazes de proteger os empregos.
Em relação ao Brasil, o documento calculou que aproximadamente 37 milhões de empregos estão expostos à IA generativa, com possibilidade de ocorrerem mudanças significativas nos modelos de trabalho. Essa parcela é uma das mais altas entre todos os países analisados na América Latina e no Caribe, menor apenas do que na Costa Rica.
De acordo com o documento, o continente enfrenta há tempos uma persistente lacuna de produtividade, causada, em parte, pelas barreiras à inovação e à adoção de tecnologias de ponta. “A região é também uma das mais desiguais do mundo, com milhões de trabalhadores em empregos mal remunerados na economia informal. Historicamente, as novas tecnologias têm moldado a evolução da produtividade do trabalho e da prosperidade em todo o mundo. Entender como a IA generativa pode ajudar a remover barreiras ao desenvolvimento econômico é fundamental para a elaboração de políticas públicas”, alertou o estudo.
Se há riscos, por outro lado o documento destacou que a IA generativa também pode resultar em uma transformação positiva que aumentará a produtividade dos empregos em até 14%, principalmente nas áreas urbanas, no trabalho formal e entre a população mais instruída e de renda mais alta. Porém, até metade dos empregos que poderiam ter a produtividade aumentada com a IA generativa – cerca de 17 milhões – serão prejudicados por lacunas no acesso e na infraestrutura digital.
“Os governos devem implementar políticas que visem proteger os empregos, aumentar a produtividade e maximizar o potencial transformador da IA generativa, de forma a promover o crescimento mais inclusivo e o desenvolvimento sustentável”, afirmou o estudo.
Uma análise do documento feita pela ONU destacou que as mulheres e os trabalhadores urbanos mais jovens e qualificados nos setores formais enfrentam os maiores riscos de automação de tarefas, como efeito da IA generativa: “Isso poderia agravar as desigualdades econômicas regionais e a informalidade. Já os trabalhadores assalariados e autônomos, como vendedores, arquitetos, educadores, profissionais de saúde ou de serviços pessoais, têm maior probabilidade de se beneficiar dos efeitos transformadores da inovação, de acordo com o estudo”.
William Maloney, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e Caribe, disse que na região a desigualdade permanece inaceitavelmente elevada e uma em cada quatro famílias ainda vive na pobreza, e que é fundamental melhorar a produtividade e a qualidade do emprego. “Quando implementadas de forma sustentável, as tecnologias digitais, incluindo a IA generativa, podem aumentar a produtividade e a criação de mais e melhores empregos”, acrescentou.
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