IA: ameaça ou oportunidade para profissionais de data center?
A pandemia da Covid-19 estimulou muitas empresas a acelerar seus processos de digitalização. E a revolução pela qual o Brasil passa colocou os DCs sob o foco – sua eficácia e seu uptime passaram a afetar profundamente pessoas, empresas e países
22/11/2021
Por Saida Ortiz*
A pandemia da Covid-19 estimulou muitas empresas a acelerar seus processos de digitalização. O Brasil é um destaque nesse quesito. Segundo pesquisa divulgada pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) em agosto de 2021, 152 milhões de pessoas acessaram a internet, um total de 81% da população brasileira. As organizações que abraçam a inovação digital conquistam ganhos sólidos – estudo realizado pela consultoria BCG (Boston Consulting Group) em setembro de 2021 mostra que, no Brasil, a diferença de lucratividade entre empresas muito digitalizadas e companhias mais tradicionais é de 18%. Em todo o mundo, essa marca fica na faixa dos 3,2%.
Onde há serviços digitais, há um data center dando conta de funções de comunicação e processamento de dados. A revolução pela qual o Brasil está passando colocou os data centers sob o foco – sua eficácia e seu uptime passaram a afetar profundamente pessoas, empresas, países. É nesse contexto que vemos o renascimento de uma velha questão: se a inteligência artificial (IA), necessária para atender os desafios das novas demandas digitais, substituirá as equipes humanas. Acredito que as inteligências artificial e humana não são mutualmente excludentes. Na verdade, elas são complementares e essenciais para a sustentação da economia digital do Brasil.
Em 2019, o IDC já previu que, até 2023, 50% dos data centers centrais empresariais e 75% dos principais sites de edge de TI alavancariam o aprendizado de aáquina (ML, da sigla em inglês) e os controles habilitados pela IA. A adoção dessas tecnologias, afirma o IDC, serviria para transformar os processos de manutenção e melhorar a eficiência na utilização dos recursos energéticos do data center, entre outros benefícios.
A IA vem revolucionando as operações dos data centers, introduzindo maior eficiência, melhorando as ofertas de serviços e reduzindo os impactos no meio-ambiente. A pandemia intensificou a necessidade de a infraestrutura crítica trabalhar de forma otimizada dentro de um ecossistema inteligente que pode atender às crescentes demandas por estes serviços.
Altíssimas cargas de trabalho
Mais empresas estão analisando soluções de IA para enfrentar as altíssimas cargas de trabalho do data center. Tais soluções podem não apenas ajudar a reduzir a crescente sobrecarga das equipes de gestão de TI, mas, também, ajudar a reduzir custos operacionais e amplificar a eficiência.
Há tecnologias de IA que fornecem as ferramentas essenciais para que as equipes de data centers recebam alertas sobre problemas que, de outra forma, teriam que ser resolvidos manualmente pelos administradores de sistemas. Essas soluções podem monitorar equipamentos e sistemas em tempo real, proporcionando soluções ou sugerindo medidas preventivas. Elas podem, também, bloquear ataques contra a segurança, criar interações mais fluidas com clientes e reduzir o consumo de energia. Fica claro que as soluções de IA são aliadas das equipes dos data centers, permitindo que esses profissionais se dediquem a tarefas que realmente precisem de sua contribuição.
O estudo IDC Worldwide Semiannual Artificial Intelligence Tracker, publicado em fevereiro de 2021, indica que a pandemia global levou a IA para o topo das pautas corporativas. Os analistas do IDC mostram que avanços em aprendizado de máquina, IA Conversacional e a Visão Computacional da IA estão na vanguarda das inovações de software de IA. Isso serve para estruturar a arquitetura dos negócios convergentes e a otimização, previsões e recomendações sobre processos de TI, possibilitando experiências transformadoras para clientes e colaboradores.
O mercado brasileiro conta com fornecedores que usam soluções de IA para que clientes de data centers monitorem suas operações em diversos locais, evitem a disrupção dos serviços, reduzam o tempo de resolução quando ocorre um problema e melhorem a eficiência geral da infraestrutura crítica.
No Chile, por exemplo, onde empresas de mineração muitas vezes operam sob condições climáticas extremas, como grandes altitudes ou territórios desérticos, a infraestrutura e os sistemas de TI são postos à prova. Nesse contexto, é essencial utilizar uma ampla variedade de soluções para missão crítica, projetadas para resistir a condições climáticas extremas. Isso inclui aplicações de IA que integram recursos de TI e que podem tanto avisar sobre problemas iminentes quanto dar suporte às empresas para lidar com esses problemas de forma ágil. Sistemas de monitoramento integrados fornecem ao gestor do data center uma visibilidade de 360° do ambiente – para isso, entram em cena desde câmeras para o monitoramento visual até sensores automatizados de temperatura, umidade, fluxo de ar e vazamentos que trabalham de forma autônoma.
Não há dúvida de que as empresas continuarão a precisar dos serviços de engenheiros de sistemas para tomar medidas preventivas ou corretivas quando alertados por esse tipo de solução. Esses profissionais utilizam a IA como uma ferramenta para rapidamente identificar e localizar problemas. Conforme os data centers aumentam seus investimentos em IA para ajudá-los a atender as demandas adicionais trazidas pelo atual boom de digitalização, essas ferramentas ajudarão as equipes a operar de forma mais eficiente e inteligente. No final, a questão não será se veremos uma batalha entre humanos e a IA mas, sim, se abraçaremos a fórmula humanos + IA.
* Saida Ortiz Sedano é Diretora de Canais para a Vertiv na América Latina.
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#data center#IA#inteligência artificial#Vertiv
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