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17/09/202518/09/2025
*Foto: Diella, a nova ministra do governo da Albânia criada por IA
Por Ricardo Marques da Silva
Uma mulher chamada Diella, de cabelos pretos, olhar sereno e vestida com trajes tradicionais do país, é a nova ministra do governo da Albânia, uma pequena nação com menos de 3 milhões de habitantes localizada na Península dos Balcãs, no sudeste da Europa. Não haveria nada de mais nessa notícia, se não fosse por um detalhe: na verdade, Diella é um avatar, uma inteligência artificial usada em numa iniciativa inédita no mundo, que está sendo interpretada como mero golpe publicitário, de um lado, e, de outro, como uma ideia capaz de dar bons resultados.
A iniciativa foi do primeiro-ministro Edi Kristaq Rama, filiado ao Partido Socialista da Albânia, que em maio assumiu o cargo pela quarta vez. Ele disse que Diella – que significa “sol” em albanês – será uma arma no combate à corrupção, no momento em que o país negocia sua adesão à União Europeia, o que pode acontecer até 2027. Rama nomeou Diella como ministra de Compras Públicas, com o compromisso de tornar a Albânia “um país onde as concorrências públicas sejam 100% livres de corrupção”.
“Não apenas eliminaremos qualquer influência potencial sobre licitações públicas como também tornaremos o processo muito mais rápido, eficiente e totalmente responsável”, disse o primeiro-ministro à BBC britânica. Na verdade, a nomeação foi simbólica e não oficial, já que a Constituição do país não admite essa possibilidade. A IA Diella já era usada como assistente virtual pelo governo, orientando cidadãos em busca de documentos oficiais na plataforma e-Albania e em outras tarefas.
A nomeação de Diella foi anunciada no dia 11 de setembro e logo surgiram reações negativas. O Partido Democrata, de oposição ao governo, classificou a ideia como “ridícula” e “inconstitucional”, e o próprio primeiro-ministro admitiu que há um elemento de propaganda, mas destacou os benefícios: “Isso pressiona outros membros do gabinete e as agências nacionais a pensar de forma diferente. Essa é a maior vantagem que espero dessa ministra”, disse Rama.
Em entrevista à BBC, Aneida Bajraktari Bicja, fundadora da empresa de serviços financeiros Balkans Capital, lembrou que Edi Rama “frequentemente mistura reformas com teatralidade, então é natural que as pessoas se perguntem se isso é simbolismo”. Porém, ela acrescentou: “A ‘ministra IA’ pode ser construtiva se desenvolver sistemas reais que melhorem a transparência e a confiança nas compras públicas”.
Andi Hoxhaj, do King’s College London, especialista em medidas anticorrupção, também disse que a IA tem grande potencial no combate às fraudes e aos crimes financeiros no setor público: “A IA ainda é uma ferramenta nova, mas se for programada corretamente poderá ver com clareza se uma empresa é idônea e atende às condições e aos critérios de uma concorrência. Há muita coisa em jogo. A principal pré-condição da União Europeia para a adesão de um país tem sido o combate à corrupção. Se Diella for um mecanismo que possa ser usado para atingir esse objetivo, vale a pena explorar a IA”, afirmou.
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