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01/11/202403/05/2023
Por redação AIoT Brasil
Em sua apresentação no Web Summit Rio, a cientista de dados do Google Cassie Kozyrkov descreveu o avanço recente da inteligência artificial como “uma revolução de design” e enalteceu as possibilidades que essa tecnologia oferece. Na análise da cientista, a IA pode ser vista como uma ferramenta para solucionar tarefas de forma mais criativa, potencializar a produtividade humana e acelerar o processo de inspiração.
Kozyrkov, que subiu ao palco principal da conferência, fechou a segunda noite de apresentações com a palestra intitulada “Whose job does AI automate?” (“Quais trabalhos a IA vai automatizar”). Falando para milhares de pessoas, que lotaram o auditório do Riocentro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, a representante do Google surpreendeu parte do público ao apresentar uma visão bastante otimista em relação à inteligência artificial.
No início de sua fala, a cientista de dados afirmou que a inteligência artificial pode substituir parte do trabalho dos engenheiros de software, já a programação tradicional — em que os programadores têm que escrever “instruções” — tende a dar lugar a uma nova abordagem, em que os próprios sistemas de IA serão capazes de reconhecer padrões e determinar os passos seguintes.
Ela, inclusive, propôs um novo significado para a sigla IA: “instruções automatizadas”. “É uma revolução da comunicação; uma forma diferente de explicar para máquina o que queremos. Antes, fazíamos isso com instruções. Agora, fazemos com exemplos”, afirmou.
Em seguida, Cassie Kozyrkov passou ao ponto central de sua palestra: a ideia de que a revolução na IA que presenciamos hoje não é uma revolução na IA em si, mas sim uma revolução no design dos sistemas. A especialista citou que diversos produtos e serviços já têm usado a inteligência artificial há anos, mas não de forma explícita. Como exemplos, ela mencionou algoritmos de empresas como Google e Netflix, capazes de dar sugestões personalizadas ao usuário.
A novidade que tem chamado a atenção, na análise de Cassie, é a possibilidade que os usuários agora têm de experimentar os sistemas de inteligência artificial em estado bruto, sem terem que passar por uma experiência pré-determinada por um provedor de serviços (como no caso das sugestões do Google ou da Netflix).
“É a primeira vez que usuários podem pensar na IA como uma IA”, destacou. De acordo com a palestrante, esse fato permite que os usuários comuns possam testar e descobrir formas de resolver seus problemas específicos. “Isso abre vários caminhos criativos”, disse ela. “Não devemos dispensá-los.”
Outra maneira de ver a questão, ainda segundo Cassie Kozyrkov, é perceber como o foco da discussão sobre inteligência artificial têm se deslocado, ao longo dos anos, entre os três principais grupos envolvidos na questão: pesquisadores, programadores e usuários.
Há mais de uma década, por exemplo, o tema era, principalmente, objeto de discussão teórica. Mais recentemente, os conceitos de IA passaram a ser empregados por programadores para desenvolver produtos reais. Hoje, cada vez mais, a tecnologia está nas mãos dos usuários, que podem descobrir suas próprias maneiras de aplicá-la.
Na parte final de sua palestra, a cientista de dados do Google surpreendeu mais uma vez ao revelar que o texto de suas falas e as imagens usadas em sua apresentação de slides foram criados por sistemas de AI como Bard, ChatGPT e Midjourney. A partir disso, ela voltou a argumentar em prol da inteligência artificial como forma de expandir a criatividade e a produtividade, atribuindo mais um significado à sigla IA: “indivíduo aumentado”.
Em sua avaliação, esses fatores podem ajudar a solucionar os inúmeros problemas sociais. “Trabalho não falta. Precisamos dessa mão na roda”, brincou. Ela, no entanto, pontuou que também é preciso refletir sobre o acesso à IA, já que seu poder criaria novas desigualdades se ficasse concentrado apenas nas mãos de quem pode pagar caro por ele.
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