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07/11/202415/02/2022
Por redação AIoT Brasil
Em um artigo publicado na revista científica The Lancet Regional Health – Americas, uma equipe internacional de cientistas liderada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC-Fiocruz) anunciou a criação de um assistente de diagnóstico baseado em inteligência artificial e aprendizado de máquina que ajuda a identificar casos suspeitos de hanseníase (chamada antigamente de lepra). A tecnologia, chamada de AI4Leprosy, foi desenvolvida em parceria com a Microsoft AI for Health e a Fundação Novartis e utiliza fotos das lesões na pele dos pacientes e dados clínicos observados pelos médicos, com 90% de acertos nos testes.
De acordo com os pesquisadores, o método deverá servir de base para a criação de um aplicativo de celular a ser utilizado pelos profissionais de saúde no combate a uma doença infecciosa que afeta principalmente as populações mais vulneráveis. A hanseníase foi amplamente eliminada, mas 200 mil novos casos ainda são diagnosticados a cada ano no mundo, sendo aproximadamente 10 mil com lesões avançadas, com potencial de danos neurológicos irreversíveis e o estigma incorporado ao termo – lepra – que a designa.
A doença é causada por uma bactéria e o tratamento se baseia numa combinação de antibióticos que reduziu em 95% a prevalência. O Brasil é o segundo país mais atingido no planeta, com 27 mil novos casos detectados em 2019, dos quais 2,3 mil com danos avançados. “Acelerar o diagnóstico pode contribuir significativamente para o avanço da eliminação global da doença”, afirmaram os autores do trabalho.
Em matéria publicada no site da Fiocruz, o chefe do Laboratório de Hanseníase do Instituto, Milton Ozório Moraes, afirmou: “Nosso estudo prova que é possível chegar à suspeição do diagnóstico de hanseníase com um algoritmo de inteligência artificial. Essa ferramenta pode apoiar a decisão do médico de iniciar a investigação, acelerando a confirmação do diagnóstico e o início do tratamento, que é fundamental para interromper a transmissão da doença e prevenir sequelas”.
A técnica, segundo Juan Lavista Ferres, cientista-chefe de dados da Microsoft, utiliza os recursos de IA e aprendizado de máquina para ajudar os pacientes a encontrar os especialistas certos na hora certa: “As possibilidades desse tipo de aplicação são infinitas, especialmente para doenças multifacetadas como a hanseníase”, explicou.
O ponto de partida para o desenvolvimento do assistente virtual de diagnóstico foi um algoritmo de reconhecimento de imagens já aplicado na detecção de alguns tipos de câncer. Paulo Thiago Souza Santos, do Laboratório de Hanseníase do IOC e um dos autores do estudo, explicou que a tecnologia tem como base a capacidade do computador de distinguir variações sutis nas imagens: “A IA consegue enxergar mais do que o olho humano e é com base nisso que podemos treinar a máquina para fazer um diagnóstico diferencial”.
“Esses resultados são uma indicação empolgante do potencial do AI4Leprosy. Estamos convencidos de que a validação futura e o lançamento global podem ajudar a cobrir os últimos quilômetros da eliminação da hanseníase, usando a mais nova tecnologia disponível para acabar com um dos mais antigos flagelos conhecidos pelo homem”, disse a presidente da Fundação Novartis, Ann Aerts.
Também participaram do estudo pesquisadores das universidades da Basileia, na Suíça, e de Aberdeen, na Escócia. A pesquisa foi financiada pela Fundação Novartis em parceria com a Microsoft. Os bancos de imagens e de dados do estudo estão disponíveis para utilização de outros cientistas em acesso aberto.
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