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Editor do WSJ diz que mídia mundial sofre pressão crescente

Almar Latour, que também é CEO da Dow Jones, afirmou que o jornalismo sofreu um duro golpe nos últimos anos e que “isso não deve parar tão cedo”

12/11/2025

Editor do WSJ diz que mídia mundial sofre pressão crescente
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Por redação AIoT Portugal

Mais pressão de governos e organizações políticas, redução de publicidade, extinção de veículos de notícias e demissões frequentes de jornalistas: esse é o cenário atual do jornalismo, na visão objetiva de Almar Latour (foto), editor executivo do influente The Wall Street Journal e CEO da Dow Jones, que nesta quarta-feira, 12, conversou com Sara Fischer, correspondente de mídia da Axios, no palco central do Web Summit Lisboa. O pior, segundo Latour, é que tudo indica que essa tendência não vai parar tão cedo.

“A situação da liberdade de imprensa no mundo todo só piorou. Muitos jornalistas estão presos, muitos estão ameaçados e há uma pressão crescente sobre as organizações de mídia, inclusive nos Estados Unidos. Há uma atmosfera diferente. Além disso, a mídia enfraqueceu substancialmente, na comparação com dez anos atrás, e acredito que haja 40% menos veículos de notícias locais somente nos Estados Unidos. O número de jornalistas também foi dizimado nesse período”, afirmou Latour. Nessa situação, ele acrescentou, o jornalismo tem a responsabilidade de se reinventar e adotar um modelo sustentável.

Apesar dessa avaliação pessimista, o editor do Wall Street Journal reconheceu que sua organização, a News Corp, empresa-mãe do grupo que inclui a Dow Jones, está se saindo muito bem, é altamente lucrativa e está em expansão. Além disso, assumiu a liderança em duas frentes: na busca por acordos justos com empresas de IA e na defesa contra processos judiciais quando necessário.

Em relação à utilização da produção dos veículos jornalísticos pelas ferramentas de IA das big techs, Latour foi incisivo: “O bem mais precioso que as organizações de notícias possuem é o seu conteúdo proprietário, e as informações têm muito valor. Ao longo da história, inclusive na história recente, o setor de mídia errou ao não reconhecer isso. Subestimou ou atribuiu pouco valor ao seu próprio conteúdo. E este é um momento crucial, ainda mais importante do que a chegada do Google, para enfatizar esse valor que não defendemos muito bem. Ou processamos as empresas de IA ou trabalhamos em parceria comercial”.

A preferência, na opinião dele, é por acordos capazes de garantir que o conteúdo seja visto pelo maior número possível de pessoas, com um valor justo atribuído, e que aqueles que distribuem e utilizam esse conteúdo paguem por ele. “Como setor ou como empresa, não podemos nos dar ao luxo de abrir mão disso. Então, sob o novo escopo, fizemos um acordo com a OpenAI que foi amplamente divulgado e estamos envolvidos em um processo judicial aberto pela Dow Jones contra a Perplexity”, contou.

Almar Latour disse ainda que o grupo ao qual pertence o Wall Street Journal e a Dow Jones está investindo em novas tecnologias e adquirindo empresas da área de IA, para se adaptar aos novos tempos. “Estamos conectando todos os dados que possuímos e construindo uma plataforma Dow Jones em que todos os diferentes segmentos verticais se encontram e onde os usuários finais poderão extrair dados e informações de acordo com suas necessidades para criar um mosaico personalizado. Assim, temos motores de crescimento muito fortes, e a IA generativa está servindo como acelerador. Acredito que esse modelo de jornalismo diferenciado, com dados, criação de ferramentas analíticas e união de pessoas em uma comunidade com um foco muito preciso seja uma solução”, completou.

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