Dinamarca vai dar às pessoas o direito sobre sua identidade
Governo propõe uma lei que pretende combater a manipulação da identidade dos cidadãos por meio de IA generativa
02/07/2025
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Por redação AIoT Brasil
Que tal uma lei que dá ao cidadão o direito integral sobre o seu próprio corpo, suas características faciais e sua voz, como forma de combater as imitações digitais de sua identidade? Pois é isso o que pretende o governo da Dinamarca ao anunciar, de forma pioneira, uma proposta de alteração da legislação que trata dos direitos autorais no país.
A iniciativa foi oficializada na última semana, quando o governo dinamarquês adiantou que o Ministério da Cultura vai enviar ao Parlamento uma proposta de alteração da lei atual, depois de garantir um amplo acordo entre os partidos. Em um comunicado oficial, Jakob Engel-Schmidt, ministro da cultura dinamarquês, disse que o projeto de lei envia uma “mensagem inequívoca” de que todos têm direito à sua aparência e à sua voz.
A intenção é tornar ilegal o compartilhamento de deepfakes e outros tipos de “imitações digitais” das características de uma pessoa, o que em geral é feito com o uso de ferramentas de IA generativa. “A tecnologia está se desenvolvendo rapidamente e, no futuro, será ainda mais difícil distinguir a realidade da ficção no mundo digital”, afirmou Engel-Schmidt, acrescentando que a nova lei será uma “salvaguarda contra a desinformação” e um sinal claro aos gigantes da tecnologia.
O ministro definiu deepfake como uma “representação digital muito realista de uma pessoa, incluindo sua aparência e sua voz”, e informou que as novas regras não afetarão paródias e sátiras. Segundo o jornal britânico The Guardian, o projeto tem o apoio de nove em cada dez parlamentares dinamarqueses e será discutido em meio ao rápido desenvolvimento da tecnologia de IA, que tornou mais fácil do que nunca criar imagens, vídeos e sons falsos para imitar as características de uma pessoa.
“As mudanças na lei dinamarquesa, uma vez aprovadas, teoricamente darão às pessoas o direito de exigir que as plataformas online removam tal conteúdo se ele for compartilhado sem consentimento. A proposta também abrangerá ‘imitações realistas geradas digitalmente’ da performance de um artista sem consentimento. A violação das regras propostas poderá resultar em indenização aos afetados”, disse o Guardian.
A rede de comunicação europeia Euronews lembrou também que, sem o alcance específico do projeto dinamarquês, já existem na União Europeia leis que combatem a manipulação de imagens e vozes e classificam qualquer conteúdo criado por IA generativa em quatro categorias: risco mínimo, risco limitado, alto risco e risco inaceitável. Deepfakes são consideradas de “risco limitado” e estão sujeitas a regras de transparência.
“Isso significa que não há proibição total às deepfakes, mas obriga as empresas a rotular o conteúdo gerado por IA em suas plataformas por meio de marcas d’água nos vídeos e a divulgar quais conjuntos de treinamento estão sendo usados para desenvolver seus modelos. Se uma empresa de IA for considerada culpada de violar as regras de transparência, poderá ser multada em até € 15 milhões ou 3% do seu faturamento global no ano anterior. Essa multa pode chegar a € 35 milhões ou 7% do faturamento global para práticas proibidas”, explicou a Euronews.