AiotAiot


Cresce o número de mortes em trilhas por uso de celular e IA

Youtuber especialista em viagens alerta para os riscos de deixar a tecnologia e os algoritmos substituírem o olhar humano

05/11/2025

Cresce o número de mortes em trilhas por uso de celular e IA
Tamanho fonte

*Foto de Richard Oliveira/Vida de Mochila

Por redação Ricardo Marques da Silva

Desde junho deste ano, mais de 100 turistas perderam a vida nas trilhas dos Alpes italianos, e entre as principais causas dessas ocorrências estavam o uso de smartphones e aplicativos de navegação em locais inseguros e de informações imprecisas geradas por inteligência artificial, de acordo com o Corpo Nazionale Soccorso Alpino e Speleologico (CNSAS). Não há estatísticas conhecidas a respeito de acidentes como esses em outras regiões, mas os números divulgados pelo órgão de segurança italiano acendem mais um alerta relacionado à utilização de modo inadequado de celulares, já apontados como vilões no trânsito das cidades.

A fim de reduzir os riscos para os excursionistas, o CNSAS e o Clube Alpino Italiano chegaram a desenvolver um aplicativo específico, o GeoResQ, projetado para fornecer assistência e resgate nas montanhas da região. O serviço permite determinar a posição geográfica do usuário, acompanhar as excursões em tempo real e, se necessário, encaminhar alarmes e pedidos de resgate por meio de sua central de operações.

Para o youtuber brasileiro Richard Oliveira, além dos cuidados com a segurança, também é importante avaliar os benefícios e os perigos relacionados à tecnologia nas visitas a lugares de risco, assim como a ideia de “viajar para se reconectar, e não para seguir algoritmos”. Criador do canal Vida de Mochila, com quase 300 mil inscritos no YouTube, ao lado da esposa, Lanna Sanches, Oliveira está percorrendo por via terrestre a Rota da Seda, de Portugal à China, e defende o conceito de reconexão com o mundo real.

“Percebemos que quanto mais deixamos o celular e o GPS de lado, mais nos conectamos de verdade com as pessoas e os lugares. Gostamos de conhecer locais simples, o comércio de bairro e criar vínculos naturais”, diz Oliveira. A viagem atual é feita em ônibus, trem, barco e outros meios terrestres para explorar uma das rotas comerciais mais antigas e atraentes do mundo, e o casal optou por reduzir o uso de recursos tecnológicos, embora reconheça que é quase inevitável navegar por aplicativos, seguir roteiros criados por IA e confiar em recomendações automáticas.

“A tecnologia pode ajudar, mas também pode colocar em risco quem segue cegamente um aplicativo. Os turistas chegam a áreas perigosas, indicadas por mapas automáticos, simplesmente porque deixam de observar o entorno”, observa Oliveira, que recomenda o uso da tecnologia como apoio, não como guia. Em vários trechos da expedição, ele opta por pedir informações diretamente aos moradores locais: “A viagem não é sobre otimizar trajetos, mas sobre ampliar olhares. Quando você tira o mapa da frente, o mundo volta a aparecer”, afirma.

TAGS

#inteligência artificial#mortes em trilhas#Rota da Seda#Vida de Mochila

COMPARTILHE

Notícias Relacionadas