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Cresce o número de adolescentes que usam a IA como psicólogo

Avanço das estatísticas levam entidades a alertar que os jovens em situação de risco precisam da ajuda de um um ser humano, não de um robô

12/12/2025

Cresce o número de adolescentes que usam a IA como psicólogo
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Por Ricardo Marques da Silva

Acessíveis 24 por dia, sete dias por semana e com tendência a responder a qualquer tipo de pergunta e a agradar o usuário, os chatbots de inteligência artificial estão assumindo o papel de psicólogo ao dar apoio a questões de saúde mental, o que representa um risco grave, principalmente quando envolve crianças e adolescentes. O problema vem crescendo no mundo, e os profissionais de medicina alertam para a necessidade de acompanhamento dos pais e de ampliação do acesso dos jovens em situação de risco aos sistemas oficiais de atendimento.

Com números alarmantes, um estudo elaborado pela organização britânica Youth Endowment Fund justifica essa preocupação e mostra que cerca de 25% dos adolescentes da Inglaterra e do País de Gales já recorreram a chatbots de IA em busca de ajuda em saúde mental. Com a participação de 11 jovens entre 13 a 17 anos, a pesquisa oferece uma visão inédita de como a saúde mental e a violência estão interligadas e de como moldam a vida das pessoas nessa faixa etária.

Segundo o relatório, 53% dos adolescentes disseram ter usado alguma forma de apoio online para saúde mental no último ano, e um quarto do total recorreu a chatbots de IA. Essas porcentagens aumentam bastante quando ocorre algum tipo de violência grave, tanto em relação às vítimas quanto aos agressores. Nesse caso, nove em cada dez entrevistados recorreram à internet em busca de aconselhamento ou apoio, quase o dobro da taxa daqueles que não sofreram violência (48%).

O padrão se repete com os chatbots de IA: 38% dos adolescentes que foram vítimas de violência grave e 44% dos que a cometeram disseram ter usado esse recurso para obter ajuda em saúde mental. “O apelo é claro. Os chatbots de IA oferecem apoio instantâneo e anônimo a qualquer hora do dia, o que pode parecer mais fácil e seguro do que falar com um profissional. Mas as descobertas também levantam questões importantes sobre a confiabilidade e a segurança dessa tecnologia para lidar com problemas de saúde mental”, afirmaram os pesquisadores.

Além disso, 26% dos jovens relataram sintomas associados a níveis elevados ou muito elevados de problemas de saúde mental, o que equivale a quase 1 milhão de pessoas na Inglaterra e no País de Gales. Outros 21% acreditam que podem ter algum transtorno, mas ainda não receberam um diagnóstico formal, o que sugere que muitos jovens estão enfrentando dificuldades sem reconhecimento ou apoio consistente. Ainda pior, 14% admitiram ter se automutilado no último ano e 12% pensaram em suicídio, de acordo com o estudo.

Jon Yates, CEO do Youth Endowment Fund, disse que um número crescente de jovens sente dificuldades em relação à saúde mental e não consegue obter o apoio necessário. “Não é surpresa que alguns estejam recorrendo à IA em busca de ajuda. Precisamos fazer mais pelos nossos jovens, especialmente pelos mais vulneráveis. Eles precisam de um ser humano, não de um robô”, alertou.

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#chatbots#inteligência artificial#psicólogo#saúde mental

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