Por redação AIoT Brasil

No momento em que a IA generativa se torna quase onipresente na produção de vídeos e imagens, o anúncio chamado “Le mal-aimé” (O mal-amado) de uma rede francesa de supermercados está despertando muita atenção justamente porque, contra a corrente, foi feito à moda antiga. Idealizada para o período do Natal pela agência de publicidade Romance, a animação do Intermarché se inspirou nas clássicas fábulas infantis e mobilizou durante um ano uma equipe de 80 pessoas do Illogic Studios, de Montpellier, com produção do estúdio Wizz, de Paris.

O enredo da animação, que pode ser vista abaixo, é simples: um garoto fica com medo de um lobo de pelúcia que ganha no Natal e o pai lhe conta a história de um lobo solitário que é temido pelos outros animais, que acham que vão ser devorados por ele. Então o vídeo mostra o lobo se esforçando para adotar uma dieta vegetariana, a fim de conseguir se relacionar com os seus vizinhos da floresta. A história termina quando o lobo aparece na festa de Natal dos animais com um prato feito por ele e o menino dorme abraçado ao bichinho de pelúcia.

Em seu site oficial, a Euronews explicou assim o sucesso do anúncio: “Ao som de um êxito francês dos anos 70, ‘Le mal-aimé’, de Claude François, o anúncio obteve centenas de milhões de visualizações fora de França, o que é compreensível: é caloroso, tem um grande coração e fala do valor do pertencimento, da aceitação e de olhar para além das aparências. É tudo o que um anúncio de Natal deve ser”.

De acordo com a Euronews, o público aplaudiu o fato de o anúncio “não se basear em atalhos de IA sem alma e promover a arte tradicional para contar uma história com um núcleo emocional, o que representa um grande contraste com o anúncio de Natal da Coca-Cola, criticado pela utilização assustadora de IA”. A agência de notícia da União Europeia acrescentou: “O anúncio do Intermarché tornou-se um êxito viral e está sendo elogiado em todo o mundo por fazer algo que outras empresas simplesmente não conseguem mais fazer: ligar-se às pessoas, tudo sem uma única cena de IA generativa”.

Thierry Cotillard, presidente do grupo Mousquetaires, proprietário do Intermarché, disse que a rede queria mostrar que a inteligência humana pode criar “uma emoção diferente da de um robô”. A Euronews completou: “De fato, numa altura em que cada vez mais empresas e marcas recorrem à IA para produzir um tipo de vídeo que provoca ansiedade, o Intermarché provou o valor da animação feita por humanos”.