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Abrint: ataques a provedores de internet ameaçam segurança nacional

Escalada de atentados de facções criminosas liga o alerta das autoridades e expõe as fragilidades do sistema

18/03/2025

Abrint: ataques a provedores de internet ameaçam segurança nacional
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Por Ricardo Marques da Silva

A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) cobrou “uma resposta firme e imediata das autoridades competentes” aos ataques de facções criminosas que ocorreram a partir de 22 de fevereiro em alguns estados do país, especialmente no Ceará. De acordo com a entidade, “a segurança nacional está sendo diretamente ameaçada com a infiltração do crime organizado em infraestruturas críticas de comunicação”.

A Abrint afirmou: “Empresas do setor, dos mais diferentes portes e regiões de atuação, vêm sendo vítimas de destruição de redes, sequestro de infraestrutura e extorsão por parte de facções criminosas, colocando em risco não apenas a prestação de um serviço essencial à sociedade, mas também a segurança de empresários, colaboradores e milhares de usuários”. A associação também destacou que os criminosos estão extorquindo as empresas e exigindo pagamentos mensais para evitar novos ataques e, ainda mais grave, em alguns casos as facções assumiram o controle total da infraestrutura dos provedores de internet.

Além do Ceará, registraram-se ataques no Rio de Janeiro e no Pará, todos com um padrão semelhante e ameaças diretas aos provedores e seus funcionários, além da exigência de uma porcentagem do faturamento bruto. “Em muitos casos, verifica-se a tomada física das redes e a assunção dos serviços como forma de exercício de poder e demarcação de território”, alertou a Abrint.

“Os relatos são alarmantes: criminosos têm incendiado, sabotado e sequestrado redes de fibra óptica, exigido pagamentos para permitir a continuidade da operação das empresas e ameaçado a integridade física de profissionais do setor. Além dos prejuízos financeiros e da interrupção dos serviços de internet, telefonia e TV, há um fator ainda mais grave: os cidadãos dessas localidades estão sendo forçados a utilizar redes controladas por criminosos, expondo seus dados pessoais e seus registros de conexões ao crime organizado”, acrescentou a entidade que representa os provedores.

A autoria dos ataques é atribuída pela Polícia Civil do Ceará ao Comando Vermelho (CV), que age a partir de números de telefone com DDD do Rio de Janeiro para fazer as ameaças, e até agora 24 suspeitos foram detidos. Quatro pessoas apontadas como mandantes dos crimes estão foragidas no Rio de Janeiro, de acordo com matéria recente do jornal O Globo.

O jornal cearense O Povo também afirmou que os ataques ocorridos no município de Caridade foram financiados pelo CV. “Oito pessoas foram presas na segunda fase da operação ‘Strike’, deflagrada nesta sexta-feira, 14, pela Polícia Civil do Ceará”, disse o jornal, acrescentando que outros 17 suspeitos haviam sido detidos no dia 12.

A Abrint citou a ação da polícia, mas cobrou uma ação coordenada dos órgãos de segurança e completou: “Especificamente com relação à Anatel, observados os limites legais de sua atuação e da capacidade do setor, destaca-se sua importância no auxílio e no apoio técnico às autoridades de segurança pública, buscando resultados concretos e coordenação de ações. A crise expõe a fragilidade da segurança pública em determinadas regiões e evidencia a necessidade de um esforço conjunto entre os estados para combater essa nova forma de atuação do crime organizado. Sem medidas efetivas e planos estratégicos coordenados, as redes de telecomunicações estão à mercê do crime organizado”.

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#Comando Vermelho#crime organizado#provedores de internet#segurança nacional

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