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A importância dos aspectos humanos e éticos na era da IA

Quem é responsável quando um sistema de inteligência artificial comete um erro? Como podemos proteger a privacidade na era da IA? Essas e outras questões precisam ser abordadas

30/08/2023

A importância dos aspectos humanos e éticos na era da IA
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Por Lucas Lanzoni*

A Inteligência Artificial (IA), termo do momento e que capturou o interesse de todos, de empreendedores a gurus de marketing, em si, não é uma grande novidade. O conceito, surgido em meio a discussões sobre automação em 1956, está em nossas vidas há muito mais tempo do que imaginamos.

No entanto, a sua popularização recente deve-se a ferramentas como o Chat GPT, que nos permitiram interagir com essa tecnologia de maneira mais próxima e personalizada, e deu uma nova escala a todo esse segmento. Para se ter uma ideia do potencial da IA, a PwC estima que ela pode contribuir para aumentar em US$15,7 trilhões o PIB global até 2030, um salto de quase 15%.

Apesar dos números impressionantes e a justificável empolgação do mercado com tudo que se diz respeito a essa tecnologia, é comum em eventos e discussões sobre assunto o questionamento sobre a aplicação prática dessas novas ferramentas, principalmente no que diz respeito ao trabalho. Seria a IA responsável por eliminar a necessidade de pessoas dentro de uma organização, por exemplo? Estariam criativos, contadores, designers e redatores com seus dias contados?

Num primeiro olhar, é realmente impressionante a velocidade de respostas e a quantidade de operações capazes de serem executadas simultaneamente por uma IA generativa, por exemplo. A rapidez com que esses sistemas são atualizados fazem com que a cada nova versão esse tempo de resposta seja reduzido e, a qualidade do processamento e entrega sejam cada vez maiores. É de se esperar então que o caminho natural seja automatizar tudo que for possível e baratear o custo de uma série de funções dentro da minha empresa, certo?

A resposta para isso, embora em cima do muro, seria sim e não. Ainda que a IA esteja avançando rapidamente, as habilidades humanas continuam a ser fundamentais. A empatia e a criatividade, por exemplo, são habilidades intrínsecas ao ser humano que a tecnologia tem dificuldade em emular.

Há pelo menos dez anos que notícias alertam para o desaparecimento de algumas profissões por conta da automatização de processos e da tecnologia. Um exemplo é o estudo de 2013 da Universidade de Oxford, que desde aquela época demonstra que, ainda que a tecnologia evolua, funções que envolvem altos níveis de habilidades sociais e criativas serão menos propensas a serem afetadas pela automação.

É inegável que a IA tem o potencial de trazer benefícios significativos para as empresas. Dados da Accenture mostram que ela tem capacidade de aumentar a produtividade dos negócios em até 40%. O que vemos como aplicação prática, neste caso, é justamente a automatização de processos repetitivos e demorados, o que permite que as pessoas se concentrem em tarefas mais complexas e criativas.

Por outro lado, essa rápida evolução da IA traz também questões éticas que precisam ser melhor discutidas por especialistas e pelo mercado. Quem nos garante que a IA será usada de maneira responsável e ética? Quem é responsável quando um sistema de IA comete um erro?

Como podemos proteger a privacidade na era da IA? O AI Index, elaborado pela Universidade de Stanford e um dos principais relatórios sobre inteligência artificial no mundo, mostrou que de acordo com a base de dados do AIAAIC, que rastreia usos indevidos de IA, o número de incidentes aumentou 26 vezes desde 2016. Um dos casos apontados é o de uso de deepfake de Volodymyr Zelenskyy em um vídeo em que ele declarava rendição.

Para enfrentar efetivamente essas questões, precisamos de um maior letramento sobre a IA. Um estudo do Pew Research Center sugere que apenas 17% dos adultos nos EUA têm um alto nível de conhecimento sobre o tema. Precisamos entender como a IA funciona, quais são suas limitações e quais são as implicações éticas de seu uso.

O fato é que a IA tem o potencial de transformar nossa sociedade de maneiras incríveis. No entanto, é crucial que abordemos as questões éticas associadas a ela e garantamos que ela seja usada de maneira responsável. Além disso, devemos lembrar que, apesar dos avanços da IA, as habilidades humanas continuam sendo vitais e tanto criatividade como empatia continuam sendo nossas maiores tecnologias.

*Lucas Lanzoni é Head de Marketing na Meetz, startup que oferece soluções de prospecção para negócios B2B

TAGS

#Chat GPT#IA generativa#inteligencia artificial IA#PIB global#PwC

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